Desde, pelo menos, os anos 1950, na noite de 31 de dezembro, a praia de Copacabana era freqüentada por adeptos de cultos de origem africana, como candonblé e umbanda.
Vestidos de branco, reuniam-se, em pequenos grupos, cultuando seus rituais, cantando hinos e dançando. Lançavam, ao mar, flores e presentes para Iemanjá, como agradecimento das bençãos recebidas no ano que findava, e oravam por novas bençãos para o próximo. Eram comemorações quase silenciosas, cercadas de alguns curiosos que, respeitosamente, assistiam os ritos.
Em 1976, o Hotel Meridién inventou uma queima de fogos desde seu terraço. Esse evento acabou por repetir-se, e instituir a queima de fogos por vários hotéis e restaurantes da Avenida Atlântica.
Chegou, então, um prefeito que, em 1992, vislumbrou um potencial de marketing no evento e estragou tudo, transformando a respeitável festa em verdadeira baderna, com torres emitindo som em volume exagerado até alta madrugada, e atraindo milhões de pessoas que emporcalham toda orla. O prefeito conseguiu transformar a festa em um completo absurdo.
As fotos mostram, acima: oferendas a Iemanjá; e, abaixo: dois milhões de pessoas na areia.