quarta-feira, outubro 22, 2008

Oratórios

Quando da chegada da família real, em 1808, a cidade possuía 74 oratórios. Nichos que mantinham imagens e serviam como pontos de oração para os passantes. Como tinham, sempre, um candeeiro aceso, serviam de parca iluminação antes da instalação dos lampiões públicos _ o que só ocorreria em 1854.

Difícil é encontrar registros deles todos. Sabe-se dos que ficaram notáveis por uma ou outra razão. Havia um em veneração à sagrada família que, por ter uma imagem representando-a quando da fuga de Herodes, deu à via o nome de Rua do Egito. Logradouro que, após 1723, passou a chamar-se Rua da Carioca, quando converteu-se em acesso ao chafariz do Largo da Carioca.

Outro, no Arco do Teles, dedicado à NªSª dos Prazeres que, devido a acontecimentos ligados à presença de prostitutas, foi demolido, e teve a imagem removida para a Igreja de Santo Antonio dos Pobres.

Parece que resistem, hoje, apenas dois desses oratórios, em seus locais tradicionais. Um é o dedicado à NªSª do Cabo da Boa Esperança. Está, desde 1763, na Rua do Carmo, nos fundos da Igreja da Ordem Terceira. Ainda que tombado pelo IPHAN, está coberto por tapumes há quase duas décadas. A foto no alto mostra esse oratório antes de ser oculto pelas tábuas. A imagem veio de um oratório que existiu no Morro do Castelo. Os marinheiros portugueses, que seguiam para o oriente, nas vésperas da partida vinham pedir proteção à Virgem para a travessia do sul da África. No regresso, iam agradecer o bom êxito da viagem.

O outro encontra-se na entrada do Mosteiro de Santo Antônio, no Largo da Carioca.

Há, ainda, o repositório em madeira com a imagem que ficava em um oratório na Rua do Ouvidor, origem da Irmandade e da Igreja da Lapa dos Mercadores. A relíquia é guardada na Sacristia e mostrada em ocasiões especiais. Pode-se ver, abaixo, uma foto dessa peça.



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