quarta-feira, agosto 04, 2010

Araribóia e o protocolo


Conta-nos, Frei Vicente de Salvador em sua História do Brasil:

«Nomeado governador das capitanias do sul, havia chegado o dr. Antônio Salema ao Rio de Janeiro quando o foram visitar todas as autoridades e pessoas importantes. Entre estas, estava o chefe indígena Martim Afonso de Sousa, o Araribóia, o qual, ao assentar-se na presença do recém-chegado, foi logo pondo uma perna sobre a outra, conforme era seu costume. O dr. Salema estranhou aquela liberdade, e mandou que o intérprete o chamasse à ordem, dizendo-lhe que aquilo não era posição para tomar-se diante do governador, que era representante d' El-Rei.

Martim Afonso pôs-se de pé.

- Se tu souberas - retrucou com arrogância, os olhos fuzilando de cólera, - se tu souberas quão cansadas tenho as pernas das guerras em que servi a El-Rei, não estranharás dar-lhes agora este pequeno descanso; mas, já que me achas pouco cortesão, eu me vou para a minha aldeia,onde não curamos destas pequenas coisas, e não tornarei mais à tua corte! »

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