quarta-feira, maio 25, 2011

Olavo Bilac





Nascido nesta cidade do Rio de Janeiro em 16 de dezembro de 1865, Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac (nome que forma um perfeito verso alexandrino) embora encaminhado pelo pai para a Faculdade de Medicina, abandonou-a para ser jornalista e poeta. Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras onde criou a cadeira de número 15, cujo patrono é Gonçalves Dias.

O nome de Olavo Bilac está ligado à literatura infantil, à ação cívica, à defesa do serviço militar obrigatório. Escreveu a letra do Hino à Bandeira. É o mais importante de nossos poetas parnasianos.

Foi ligado a José do Patrocínio, Raimundo Correia e Coelho Neto. De espírito boêmio, comparecia, às tardes, à Confeitaria Paschoal, na Rua do Ouvidor, onde se reunia com os amigos. Certa vez, teve um desentendimento com o gerente da Paschoal e retirou-se, seguido pelos amigos, para a recém inaugurada Confeitaria Colombo, na Rua Gonçalves Dias. Foi o início do sucesso da Colombo, enquanto a Paschoal ia à breca.

Dizem que as moças e senhoras passavam pela calçada da Colombo para ver o poeta. Na época de Pereira Passos, o prefeito “bota-abaixo”, apareceu, quase à frente da Colombo, um vasto buraco que demorou a ser fechado e onde, contam, chegou a cair uma senhora distraída, até que Bastos Tigre _grande pândego_ comprou uma palmeira de mediana altura e a plantou no buraco, tampando-o.

De Bilac e seus amigos, muitas estórias são contadas e recontadas. Teremos, talvez, razão e motivos para voltar ao patriota Bilac que nos deixou no dia 28 de dezembro de 1918, aos 53 anos de idade.

quarta-feira, maio 18, 2011

Nota aos amigos que me lêem


Tenho recebido, não apenas comentários, mas também perguntas e solicitações.

Como os comentários são “moderados”, isto é, passam por um crivo, só deixo publicar aqueles que contribuam para o assunto tratado, acrescentando ou corrigindo dados.

Esses “Comentários” vêem, quase sempre, através de mensagens do Google que revelam apenas o blog do remetente; e muitos desses blogs não exibem um endereço e-mail do autor, razão porque fico sem ter como responder.

Em uma dessas mensagens irrespondíveis, o leitor Maurício Cordeiro fez-me uma indagação a respeito da Igreja de Na. Sra. do Parto, já citada no post Rua da Ajuda.

Publico, hoje, o que pode vir a atender a dúvida desse leitor. E contar mais uma das curiosidades dessa nossa cidade.

Igreja de Nossa Senhora do Parto

Em 1649, chegava ao Rio de Janeiro vindo da Ilha da Madeira, o carpinteiro João Fernandes. Aqui chegando, comprou um terreno e construiu, às suas custas, uma capela para abrigar a imagem de Na. Sa. do Parto que havia trazido da Madeira.

A seu lado foi construído, em 1759, o Recolhimento de Na. Sa. do Parto, destinado a acolher as prostitutas arrependidas. Conforme nos conta Dunlop, foi construído com dinheiro deixado por Estevão Dias de Oliveira para ser aplicado em benefício de sua alma, e empregado pelo bispo Frei Antônio do Desterro para a construção do Recolhimento.

Estavam, a Capela e o Recolhimento, lado a lado, na Rua dos Ourives, desde a Rua da Assembléia à de São José, no trecho hoje denominado Rua Rodrigo Silva.

O Recolhimento serviu para que maridos desgostosos e pais desobedecidos encaminhassem esposas e filhas que nada tinham de pecadoras, mas que não atendiam às vontades de maridos e pais. O prédio de três andares sofreu violento incêndio que o destruiu e quase extermina as ‘recolhidas’ (veja), mas foi apagado pela população e, prontamente, reconstruído e reocupado sob o comando do vice-rei D. Luiz de Vasconcelos.

O Recolhimento do Parto existiu até 1812, quando as infelizes foram transferidas para o Recolhimento da Misericórdia, no prédio depois ocupado pela Escola de Medicina. O prédio antigo resistiu até 1906, quando foi demolido para o alargamento da Rua da Assembléia.

Mais tarde, foi construído um edifício que dá frente para a Rua Rodrigo Silva, e possui janelas tanto na Rua da Assembléia quanto na São José. No andar térreo fica, hoje, a Igreja de Nossa Senhora do Parto.

As fotos mostram a porta da igreja em duas tomadas. De uma, pode-se avistar _depois da Rua São José_ o que já foi chamado de “buraco do LUME”, e hoje é denominado Praça Melvim Jones.


quarta-feira, maio 11, 2011

Casa Silveira

Há um castelinho na Glória. Está na Rua do Russel,734. Construído em 1915, projetado pelo arquiteto Antonio Virzi (1882-1954) para servir de residência ao fabricante do Elixir de Nogueira, o Sr. Gervásio Renault da Silveira e sua família.

É um dos remanescentes da Art Nouveau, um belo exemplar que retrata o espírito da Belle Epoque. As ferragens são do italiano Pagani, um mestre do “ferro batido”; um dos destaques é o portão.

O prédio é tombado desde 1980, e já abrigou um simpático restaurante, o Café Glória.



quarta-feira, maio 04, 2011

Ameno Resedá


As origens do rancho carnavalesco são controversas. Consistia de um cortejo, que seguia um rei e uma rainha, uma banda com instrumentos de sopro e de cordas em um rítmo conhecido como “marcha rancho”, mais lento que o samba.

O mais famoso deles foi o Ameno Resedá, fundado em 1907 por funcionários públicos, tendo sede no Catete. No ano seguinte, teatralizou um tema egípcio, o que agradou a assistência e passou a ser o comportamento dos demais grupos. Os enredos eram quase sempre mitológicos e contavam uma história. As fantasias eram sempre luxuosas.

No carnaval de 1911, o Ameno Resedá esteve, a convite do Presidente Hermes da Fonseca, no Palácio Guanabara, de onde, representando o enredo A Corte de Belzebú, saiu em desfile.

Em 1917 instituiu a Comissão de Rancho, que viria dar origem à Comissão de Frente das Escolas de Samba.

Em 1927, Coelho Neto, um de seus admiradores, escreve uma carta na qual incentiva o grupo a adotar temas brasileiros, já que sempre desenvolviam temas europeus. O Rancho, então, inova, apresentando como tema o Hino Nacional, o que foi revolucionário pois era, além de nacional, um tema abstrato. Embora classificado em terceiro lugar, Coelho Neto não deixou de aplaudir, dizendo que “nem sempre quem planta é quem colhe”.

É de se notar que Sinhô (18set1888-04ago1930), tido como pioneiro do samba, foi um dos diretores de harmonia do grupo. Sua foto encima o post.

Em 1941, reunidos em Assembléia, os componentes do Ameno Resedá decidem sua extinção. Parte dos bens foram doados à Irmandade de Nossa Senhora da Glória.

quarta-feira, abril 27, 2011

Estádio do Flamengo na Gávea


A foto acima mostra uma vista, nos anos 1940, do chamado Estádio da Gávea.

É de se notar que o campo ficava bem junto ao espelho dágua, e não era raro a bola ir parar na Lagoa Rodrigo de Freitas.

O estádio é visto no alto da foto aérea onde se nota a distância que, hoje, existe entre o gramado e a Lagoa, fruto de aterros.

Na terceira imagem, vê-se o estádio no canto superior direito da foto que visava mais mostrar a Favela da Praia do Pinto, e a da Ilha das Dragas. A primeira foi desalojada para a construção da chamada Selva de Pedra (quadra limitada pelas Ruas Gilberto Cardoso, Fadel Fadel, Humberto de Campos e Afranio de Melo Franco), tendo seus antigos moradores alojados no Conjunto construído por iniciativa de Dom Elder Câmara no início do Leblon, junto ao Jardim de Alah. Notem que o Clube Monte Líbano já havia sido construído na Av. Borges de Medeiros, junto à Lagoa.

Os mais atentos perceberão que o campo foi ligeiramente deslocado no sentido do Leblon (a arquibancada deixou de ficar no centro do campo). Este deslocamento foi para que se pudesse construir entre ele e o Jockey, a Rua Mário Ribeiro.





quarta-feira, abril 20, 2011

Esquina da Praia de Botafogo com a Rua São Clemente

Apenas duas fotos da esquina da Praia de Botafogo com a Rua São Clemente. Uma em 1950, a outra em 2011. Parece que se manteve, neste período de mais que sessenta anos, além do nome e do traçado, apenas o Corcovado, que se vê ao fundo.

A propósito, um caminho desde a Praia de Botafogo até a Lagoa Rodrigo de Freitas foi mandado abrir pelo vice-Rei Luis de Vasconcelos e Souza (1778-1790) nas terras da Quinta São Clemente. Eis a origem da Rua e de seu nome.


quarta-feira, abril 13, 2011

Anomalia Financeira

Humberto de Campos em Discurso de recepção na Academia Brasileira de Letras. (1920):

Certa vez, ia Emílio de Menezes em um bonde, quando se sentaram no banco imediato, em frente, duas senhoras de grandes banhas, que dificilmente puderam entrar no veículo. Com o peso das duas matronas, o banco, que era frágil, range, estala, geme, estranhando a carga. O poeta, que observa o caso, leva a mão à boca, no seu gesto característico, e põe-se a rir em silêncio, no seu riso sacudido e interior. E como o companheiro o olhasse, explicou:

- Sim, senhor! É a primeira vez que vejo um banco quebrar por excesso de fundos!...

quarta-feira, abril 06, 2011

Edifício de A NOITE

Considerado o primeiro arranha-céu do Rio de Janeiro, o Edifício de A Noite foi projetado por Joseph Gire e Elisário da Cunha Bahiana, e construído em concreto armado no ano de 1929. Tem 22 andares e fica na Praça Mauá. É tombado pela Prefeitura.

Em um de seus andares, o vigésimo, ficava o auditório da Rádio Nacional, de onde era irradiado o programa de auditório César de Alencar.

Nas imagens, vê-se o prédio de frente para a Praça Mauá e, abaixo, de lado, com o Morro da Conceição à direita e o de São Bento à esquerda.


quarta-feira, março 30, 2011

Café e Bar Sympathia

As fotos mostram, em diversas épocas o Sympathia, Café e Bar que existiu, até a década de 1980, na esquina da Rua do Rosário desde a abertura da Avenida Central (hoje Rio Branco).

Copio trecho de meu post sobre a Igreja da Conceição e Boa Morte: “No espaço entre a igreja e a avenida foi construído um prédio estilo eclético onde funcionou, por muitos anos, a Casa Sympathia que servia, em suas mesas e cadeiras de vime da calçada, um famoso refresco: o frappé de coco. Hoje, ali funciona a loja de roupas Bogart. Este prédio tem, junto à Rua do Rosário, largura tão pequena que algumas das janelas da fachada não abrem por falta de espaço.”.

As imagens mostram a construção quando da inauguração da Avenida; uma vista da esquina, nos primeiros tempos; o local em 1959, mostrando as cadeiras de vime; e, finalmente, uma vista recente.









quarta-feira, março 23, 2011

Cemitério das "Polacas"

O chamado “Cemitério das Polacas”, que tem o nome oficial de Cemitério Israelita de Inhaúma, foi criado pela Associação Beneficente Funerária e Religiosa Israelita, em 1916.

Essa Associação reunia mulheres judias trazidas ao Brasil (e, também levadas a outros paises) por um grupo de judeus dedicado ao tráfico de brancas, conhecido como Zwig Migdal. Homens desse grupo, no período de 1890 até o início da 2ª. Guerra costumava ir a vilarejos da Europa Oriental, prometiam empregos ou casavam-se com judias jovens e pobres, em cerimonias falsas que imitavam os costumes israelitas. As jovens só percebiam o golpe quando já afastadas da família. Eram trazidas para o Rio de Janeiro (e também para prostibulos de cidades da Argentina, Africa do Sul e Índia) onde passavam a viver em bordéis onde eram conhecidas como “francesas”.

As mulheres, quase sempre analfabetas, rejeitadas pela colônia judía, eram, quase sempre, enterradas como indigentes pois, para a colônia, eram consideradas pessoas impuras e teriam tratamento diferenciado nos cemitérios israelitas não merecendo o cerimonial dedicado aos seus mortos. Pois criaram uma Associação, construiram uma sinagoga, e estabeleceram um cemitério em Inhaúma.

Há livros bastante interessantes sobre o assunto. Posso citar O Baile de Máscaras, de Beatriz Kushnir; e o de autoria da jornalista Isabel Vincent, que conta a história de três mulheres: Bertha, uma das criadoras e presidente da Associação; Sophia, vendida pelo pai aos 13 anos de idade; e Rachel, forçada a prostituir-se pelo marido.

O Cemitério Israelita de Inhaúma foi tombado definitivamente pela Prefeitura como Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro. O decreto nº 32993, de 27 de outubro de 2010, reza: “a sua fundação em 1916, pela Associação Beneficente Funerária e Religiosa Israelita, representou um papel social relevante para uma parcela da população de imigrantes israelitas no país”. Fica na Rua Piragibe, em Inhaúma.

A imagem mostra a localização do Cemitério.

Há blogs que tratam do mesmo assunto. Vejam em Polacas e em Historia do Brasil

quarta-feira, março 16, 2011

Pinheiro Machado - Monumento

José Gomes Pinheiro Machado nasceu em 8 de maio de 1847 em São Luiz, RS. Em 1867, interrompeu seus estudos na Faculdade de Direito de São Paulo para seguir como voluntário para a Guerra do Paraguai. Voltando da guerra, terminou o curso e dedicou-se à advocacia até que decidiu tornar-se estancieiro, dedicando-se às atividades rurais, construindo o início de sua fortuna particular.

Fundou, com Venâncio Aires, o primeiro grêmio republicano na Província do Rio Grande do Sul, sendo um dos que, seguindo Júlio de Castilhos, propagou as idéias republicanas. Proclamada a República, foi Pinheiro Machado eleito Senador pelo Rio Grande para o Congresso Constituinte, não deixando de ser reeleito a cada vez.

Em 1892, quando da revolta federalista do Estado, seguida da Revolta da Armada, Pinheiro Machado pôs-se à frente da chamada “Divisão do Norte”, constituída de voluntários, para combater os inimigos de sua causa, vencendo-os no encontro em Passo Fundo. Tão relevante foram considerados seus serviços que Floriano Peixoto o nomeou General-de-Brigada.

Em 1915 foi assassinado, no Hotel dos Estrangeiros (ver), sendo o corpo levado ao Rio Grande do Sul pelo Encouraçado “Deodoro”, da Marinha de Guerra.

O monumento a Pinheiro Machado fica na Praça Na. Sa. da Paz. Foi fruto de iniciativa do Deputado Francisco Valadares que resultou em um concurso de maquetes vencida pelo escultor Hildegardo Leão Veloso (1899-1966). Devido a problemas advindos de sua execução, o escultor desinteressou-se de concluir seu trabalho, e o monumento foi entregue à Prefeitura pela empresa Cavina & Cia, não havendo cerimônia de inauguração.

O monumento fica sobre uma base construída em pedra e cimento, com quatro degraus de acesso ao pedestal, composto de colunas de granito e cantaria, de altura de cinco metros. A figura de Pinheiro Machado encontra-se de pé, de frente para a Rua Visconde de Pirajá; nas faces laterais, duas figuras de mulher que simbolizam a Glória e a Apoteose.

Acima, a foto do monumento como visto da Rua Visconde de Pirajá; abaixo, a estátua de Pinheiro Machado a.


quarta-feira, março 09, 2011

Automóvel Clube do Brasil

O prédio na Rua do Passeio, inicialmente moradia do Barão de Barbacena, foi inaugurado em 1860, com um baile a que compareceu o Imperador Pedro II. Foi, posteriormente, sede da Sociedade de Baile Assembléia Fluminense, da Sociedade Cassino Fluminense e do Automovel Clube do Brasil. Foi nele que o Pres. João Goulart fez o discurso que desencadeou o movimento de 1964.

No prédio instalou-se o Bingo Imperial até a proibição em 2003, quando fechou, ficando sem uso e abandonado até hoje.

Acima, a foto de prédio em 1930 e, abaixo, como se encontra atualmente.


terça-feira, março 01, 2011

Quinta da Boa Vista

Elias Antonio Lopes, um bem sucedido comerciante, presenteou ao príncipe D. João, pouco depois de sua chegada ao Rio de Janeiro, com uma casa _tida como a melhor da cidade_ que havia construído em 1803 em sua chácara de São Cristóvão. Tão agradecido ficou o príncipe, que chegou a agradecer o “notório desinteresse e demonstração de fiel vassalagem, que vem de tributar à minha Real Pessoa”.

A residência e o jardim foram reformados e o lugar passou a ser chamado de Quinta da Boa Vista, e a casa, Paço de São Cristóvão. Com o intúito de valorizar a área, D. João ofereceu vantagens a quem construisse nos arredores. O bairro tornou-se um dos mais populosos da cidade. Tanto o Paço, quanto os jardins sofreram alterações desde então.

Na verdade, Elias Antonio, que enriquecera com o tráfico de escravos, havia feito um belo investimento. No mesmo ano da doação, recebeu a comenda da Ordem de Cristo, o ofício de Tabelião e Escrivão da Vila de Parati, e dois anos depois foi sagrado cavaleiro da Casa Real, além de outros postos, como o de Deputado da Real Junta de Comércio.

Quando morreu, em 1815, o traficante deixou mais de cem escravos e uma fortuna em palácios, fazendas, ações do Banco do Brasil, e navios negreiros.

Há dúvidas quanto à nacionalidade de Elias. Uns dizem que era português nascido na cidade do Porto; outros que era o libanês Antun Elias Lubbos que teria aportuguesado seu nome ao chegar ao Brasil.

Na foto acima se vê o Paço de São Cristóvão em 1820, em uma pintura de Maria Graham; abaixo, fotos de como está, hoje, o prédio.



quarta-feira, fevereiro 23, 2011

Esquina Dr. Sobral Pinto

Esquina Dr. Sobral Pinto

No Largo da Carioca, junto ao início da Rua da Carioca há uma placa, dessas azuis que dão o nome do logradouro, com os dizeres “Esquina Dr. Sobral Pinto”.

Parece-me a única esquina da cidade com designação. Embora tenha pesquisado em várias fontes, não consegui saber quem a colocou e por qual razão.

Existem, no Rio, três logradouros que o homenageiam: uma Avenida, na Barra da Tijuca (CEP 22630-005); uma Rua, no Vidigal (CEP: 22452-160), e uma Travessa, na Penha Circular (CEP: 21011-720).

O Dr. Heráclito Fontoura Sobral Pinto nasceu em Barbacena, MG, em 1893. Passou a adolescência em Nova Friburgo, RJ, onde frequentou o Colégio Anchieta, dos jesuítas. Fez o curso de Direito na Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro, formando-se em 1917.

Ficou conhecido quando defendeu o Copacabana Palace, planejado para ser concluído a tempo dos festejos do Centenário da Independência, mas que só foi inaugurado em 1924, ocasião em que o Governo tentou acabar com o jogo, o que traria grande prejuízo para seus proprietários, os Guinle.

Apesar de católico praticante, de ir à missa todas as manhãs, aceitou defender o comunista Luiz Carlos Prestes envolvido na Intentona Comunista de 1935. Chamou muito a atenção quando, ao defender o alemão Harry Berger, torturado pela Polícia, apelou para a Lei de Proteção dos Animais.

No fim de sua carreira, convidado pelo Presidente Juscelino Kubitschek para o Supremo Tribunal Federal recusou para evitar pensarem que seu interesse na posse do Presidente ocultasse algum interesse pessoal.

Faleceu, no Rio de Janeiro, em 30 de novembro de 1991.


quarta-feira, fevereiro 16, 2011

Preconceito e Arrependimento

Consta que em 1849, na procissão promovida pela Ordem Terceira da Penitência, ao início da Quaresma, os irmãos negaram a participação da imagem de São Benedito, alegando que “branco não carregava negro às costas”. Os irmãos da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos recolheram sua imagem, humilhados.

Neste mesmo ano, o Rio de Janeiro foi assolado pela Febre Amarela. As beatas não demoraram a concluir e disseminar que a doença tinha sido uma represália à ofensa a São Benedito.

Na Quaresma do ano seguinte, São Benedito foi reposto na procissão, tendo seu andor restaurado e cheio de flores.

quarta-feira, fevereiro 09, 2011

Floriano e Custódio

Serzedelo Correia - "Páginas do Passado", pág. 13.

Em uma das reuniões do ministério, com Floriano no governo, Custódio José de Melo, ministro da Marinha, propôs que se telegrafasse ao Marechal Moura, ministro da Guerra, então no Rio Grande, dando-lhe instruções para a pacificação do Sul. Floriano aceitou o alvitre, combinou o texto do telegrama e, no despacho seguinte, Custódio o interpelou.

- Então, telegrafou ao Moura?

- Não, - respondeu Floriano, seco; - mudei de opinião.

O almirante estranhou:

- Como? - V. Excia. não podia mudar de opinião; era assunto resolvido por todo o ministério.

- Mas mudei, - tornou o ditador. - Se o senhor quer a presidência da República, eu lhe passo o poder.

- Não, isso, não; - volveu Custódio.

E dando a sua demissão:

- Se eu quisesse a presidência da República, quando tinha os canhões do Aquidaban voltados para a cidade, não teria vindo ser ministro da Marinha no seu governo!

terça-feira, fevereiro 01, 2011

Arco do Teles



Sob a antiga residência da família Teles de Menezes na atual Praça XV, construida pelo Engenheiro Alpoim, no séc. XVIII, o arco colonial de pedra é remanescente de violento incêndio ocorrido em 1790.
Mesmo a construção de novo prédio manteve o arco, e uma falsa fachada conserva o estilo antigo da construção, como pode ser visto nas fotos.
O Arco é o acesso da Praça XV para a Travessa do Comércio, local onde se encontra um dos melhores conjuntos de sobrados da cidade. Pode-se ver a casa de número 13, onde viveu menina a cantora Carmen Miranda.



quarta-feira, janeiro 26, 2011

Breve história do Paço


A história do Paço começa quando Gomes Freire de Andrade, Governador do Rio, (1733-1763) determina ao engenheiro Alpoim que construisse uma Casa de Governadores no local onde havia dois prédios contíguos (a Casa da Moeda e os Armazens Reais).

As obras foram concluídas em 1743, e o prédio tinha o aspecto de uma casa senhorial portuguesa. A fachada dava para o mar e a lateral para o Terreiro da Polé.

Com a transferência da capital de Salvador para o Rio de Janeiro, em 1763, a construção passou a Palácio dos Vice-Reis, assim ficando até 1808.

Chegada ao Rio a Corte Portuguêsa, o edifício passou a ser o Paço Real, ficando reservado às cerimônias oficiais. D.João foi residir na Quinta da Boa Vista, e a Princesa Carlota Joaquina, em uma casa em Botafogo.

Em 1882, com a Independência, passa a Paço Imperial, até que D. Pedro II recebe a visita do Major Solon Guimarães com o comunicado de sua deposição. Na madrugada de 17 de novembro, o ex-imperador, família e auxiliares partem para o exílio.

De 1890 até 1982, é o prédio ocupado pelo Departamento de Correios e Telégrafos, sofrendo várias reformas, inclusive uma construção de três andares no pátio interno.

Durante todo o período de sua existência, o prédio veio sofrendo alterações que o adaptavam às novas funções que ia assumindo. Inclusive um andar lhe foi acrescido. Depois da retirada do DCT, foram feitas obras visando a restauração do prédio ao tempo do Reino Unido. Hoje, é um Centro Cultural com exposições, lojas e livrarias.

A figura acima mostra quadro de Debret, de 1830; e a foto abaixo, em 1952, quando o prédio era ocupado pelo DCT (reparem que havia mais um piso).




quarta-feira, janeiro 19, 2011

Palácio Guanabara e o Fluminense


Vemos o Palácio Guanabara e o campo do Fluminense nesta foto aérea de meados de 1920.

Nota-se a Rua Pinheiro Machado, ao pé da foto, em diagonal. O Palácio dá frente para a Rua Paissandu, então ainda ladeada de palmeiras, e mostra um jardim à sua frente. O jardim foi reduzido quando da duplicação da Rua Pinheiro Machado, na década de 1950, para a abertura do Túnel Santa Bárbara, e que levou, também, parte do campo do Fluminense.

Chamou-se Rua da Guanabara até 1915, quando foi assassinado o político gaúcho José Gomes Pinheiro Machado e a rua passou a ter o seu nome,.

A residência começou a ser construída, em 1853, pelo comerciante português José Machado Coelho, então dono do terreno. Em 1865, foi comprado pelo Império para servir de residência ao casal Princesa Isabel e Conde d’Eu. Sofreu reformas em 1908 para a visita do Carlos I, de Portugal (assassinado antes de viajar), e em 1920, para hospedar o rei Alberto I, da Bélgica. Foi residência de Presidentes da República e, a partir dos anos 1960, dos Governadores do Estado.

No Fluminense, a piscina coberta e as quadras de tênis podem ser vistas, mas o ginásio ainda não havia sido construído. A grande arquibancada social encobre parte da sede do clube.

A foto abaixo mostra a Rua Paissandu na década de 1930.