quarta-feira, maio 28, 2008

Igreja da Ordem 3ª do Carmo

A Ordem Terceira do Carmo foi fundada em 1648, e funcionou na capela que existia nos fundos do convento do Carmo.

A irmandade resolveu, em 1752, erigir sua igreja em um terreno da Rua Direita que havia recebido em doação. As obras, seguindo projeto atribuído ao Mestre Manoel Alves Setúbal, duraram de 1755 a 1770, ficando as torres por construir. O interior seguiu projeto de Frei Xavier Vaz de Carvalho. A porta principal e uma lateral em pedra de Lioz foram encomendadas a canteiros em Portugal, sendo instaladas em 1761. Em 1770 foi a igreja inaugurada com missa.

Trabalharam em seu interior não só mestre Valentim como seu professor, o mestre Luís da Fonseca Rosa, autor do retábulo do altar-mor. Mestre Valentim construiu, em 1772, o altar-mor da Capela do Noviciado; e, em 1773, o altar em estilo rococó de NªSª das Dores.

As torres sineiras só foram construídas de 1847 a 1850, projetadas pelo arquiteto Manoel Joaquim de Melo Corte Real, professor da Academia Imperial das Belas Artes.

A aquarela de Thomas Ender mostra as igrejas vistas da Rua Direita (atual Primeiro de Março) em 1820. É de se notar o Beco dos Barbeiros, na lateral da igreja da Ordem 3ª; a passarela que cruzava do Paço para o Convento do Carmo; e o morro do Castelo, ao fundo. Na foto se vê detalhe do portal trazido deLisboa em 1761; o medalhão representa São Francisco e a Virgem com o menino Jesus.


quarta-feira, maio 21, 2008

Igreja de NªSª do Monte do Carmo (antiga catedral)

Duas igrejas do Carmo, lado a lado, podem causar certa confusão. Ambas na Rua Primeiro de Março; a da esquina com a Rua Sete de Setembro, dos clérigos, é a de NªSª do Monte do Carmo (também chamada antiga Sé); a da esquina do Beco dos Barbeiros é a da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte do Carmo, de leigos, portanto.

Em terreno onde existia, desde 1570, uma pequena capela, foi construída, a partir de 1761, a igreja dos clérigos, com projeto atribuído a Mestre Manoel Alves Setúbal. Em 1808, passou a ser a Catedral, em substituição à igreja do Rosário, logo após a chegada da família real (ver o post «Igreja do Rosário», de 07/03/2007). Permaneceu como Sé até a inauguração da nova igreja de São Sebastião, em 1979, na Rua Chile.

Dada a proximidade do Paço, era a igreja freqüentada pela família real. Havia uma passarela que ligava o Paço ao convento do Carmo e outro, que ligava o convento à catedral, através da torre sineira, para que os nobres não necessitassem pisar no chão da rua para ir ao templo.

Nesta igreja, foi D.João sagrado rei, e coroados D. Pedro I e D. PedroII. Foi, também, palco do casamento da Princesa Isabel com o Conde D'Eu. Em 1903 recebeu uma urna contendo parte dos restos mortais de Pedro Alvares Cabral que jazem na Igreja de Sta Maria da Graça, em Santarém, Portugal.

A antiga Sé foi inteiramente restaurada para os festejos do segundo centenário da chegada do Príncipe D. João e da família real, e reinaugurada em março deste ano de 2008. É possível, hoje, em seu interior, visitar um sítio arqueológico que exibe sinais da presença humana no local, desde priscas eras.

A foto de Marc Ferrez, do final do séc. XVII, mostra a passarela unindo o convento à igreja. É de se notar que a igreja dos clérigos, que foi capela real e catedral do Rio de Janeiro, é bem mais modesta que a dos leigos da Ordem Terceira do Carmo, maior e mais rica. O quadro de autoria de Debret mostra a coroação de Pedro I e sua sagração como "Imperador Constitucional e Perpétuo Defensor do Brasil" em 1º de dezembro de 1822.


quarta-feira, maio 14, 2008

Igreja de Nª Sª da Pena

Reza a lenda que Nossa Senhora teria surgido no alto da Pedra do Galo para ajudar um escravo ameaçado pelo fazendeiro a encontrar uma vaca perdida. A aparição, testemunhada pelo fazendeiro, motivou a construção de uma capela no alto do morro, além da alforria do escravo.

Em 1664, o padre Manoel Araújo, substituiu a capela por uma igreja. José Rodrigues Aragão doou terras ao santuário em 1771 e promoveu reformas na igreja. Falecido em 1778, seu crânio é mantido em nicho na sacristia. Dentro do templo estão sepultados outros beneméritos, inclusive o Monsenhor Antônio Marques de Oliveira (1826-1901), considerado um dos maiores vigários de Jacarepaguá.

As fotos mostram a fachada da igreja, e o cruzeiro, tendo Jacarepaguá ao fundo.



quarta-feira, maio 07, 2008

Bairro do Leme


Em 1858, duas baleias encalhadas na praia fizeram vir ao Leme o imperador Pedro II que, com a famíla, fez um piquenique nas areias do que hoje é chamado de Praia do Leme. Sem querer atribuir a S.M. o pioneirismo no costume farofeiro, o que ocorreu é que, depois disso, a praia passou a ser destino de passeios e piqueniques das famílias cariocas.

Nessa época, o acesso ao bairro era feito pela Ladeira do Leme, que chega na hoje chamada Praça Cardeal Arcoverde. E de Leme se chamava o território que ia dos morros do Inhangá até a Pedra do Leme, ou morro do Vigia, graças ao posto de vigilância instalado por ordem do marquês do Lavradio após a invasão francesa de 1711.

Com o desmonte de parte do morro do Inhangá, passou-se a chamar Leme ao trecho entre a Praça do Lido e a Pedra do Leme. Com a abertura do Tunel do Leme, criando novo acesso a Copacabana, o chamado bairro do Leme reduziu-se ao recanto entre a Av. Princesa Isabel e a Praça Almirante Júlio de Noronha. É um dos poucos bairros do Rio que não serve de passagem. E isso faz com que tenha características peculiares.

Na foto acima, o atual bairro do Leme como era em 1919. Na foto abaixo, um postal anterior a 1920, com a legenda 'parte do Leme', onde se vê, em primeiro plano, a atual Rua República do Peru, e, ao longe, o morro do Inhangá, ainda intacto, interrompendo a passagem da Av. NªSª de Copacabana.