quarta-feira, dezembro 26, 2007

Ilha Fiscal

Inicialmente, era chamada de Ilha dos Ratos, porque era coalhada de pequenas pedras cinzentas que, vistas à distância, pareciam ratos.

A necessidade de um posto alfandegário próximo ao fundeadouro dos navios mercantes em frente ao Largo do Paço (atual Pça XV) levou à construção da notável edificação na, já então, chamada Ilha Fiscal.

O castelo foi projetado pelo engenheiro Adolpho José del Vecchio, diretor de obras do Ministério da Fazenda, que o fez em estilo gótico provençal, recebendo a Medalha de Ouro em exposição na Escola Imperial de Belas Artes, e um elogio do Imperador.

A construção foi executada com qualidade por exímios profissionais. O trabalho em cantaria é de Antonio Teixeira Ruiz; os mosaicos do piso do torreão, feitos com diversos tipos de madeira, é de Moreira de Carvalho. As pinturas decorativas são de Frederico Steckel. Os vitrais são ingleses e o relógio de Krussmann. As fundições de Joaquim Moreira & Cia. O prédio foi inaugurado pelo Imperador, em 1889.

A festa programada para 19 de outubro (vide foto do convite) foi transferida, face às notícias recebidas a respeito da saúde de D. Luís, rei de Portugal e sobrinho de Pedro II, que viria a falecer em seguida.

Pouco depois, em 9 de novembro, realizou-se a festa, conhecida como o "último baile do Império", na verdade, uma recepção em homenagem à oficialidade do Encouraçado chileno Almirante Cochrane, em retribuição à bela acolhida que os chilenos haviam propiciado aos brasileiros do Navio-Escola Almirante Barroso, por ocasião de sua passagem pelo Chile, no ano anterior.

Em 1913, o prédio foi transferido para a Marinha que nele instalou a Repartição da Carta Marítima _atual Diretoria de Hidrografia e Navegação, DHN_ que desde fevereiro de 1983 funciona na Ponta da Armação, em Niterói. Em 1996, a Diretoria do Patrimônio Histórico e Cultural da Marinha já havia iniciado seu projeto de restauração, com o apoio do Serviço de Documentação da Marinha e sob supervisão do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac).

Hoje, a Ilha Fiscal está aberta à visitação (e também para a realização de eventos). De quinta a domingo, tours guiados permitem conhecer os salões com exposições, os vitrais, os trabalhos em cantaria, todo o edifício.

Ilustram o post uma foto da Ilha e uma reprodução do convite para a famoso baile.




quarta-feira, dezembro 19, 2007

O Cabo Submarino


Em 1853, quatro anos após ter sido concluída a primeira ligação telegráfica submarina, o governo imperial já se preocupava com a ligação, por esse meio, do Brasil com a Europa. Houve algumas tentativas que não vingaram. Finalmente, em 1872, foi concedido ao Barão de Mauá, por decreto de 16 de agosto, o direito de lançar cabos submarinos e explorar a telegrafia por 20 anos.

Em 23 de dezembro de 1873, concluia-se a ligação entre Belém, Recife e Salvador ao Rio de Janeiro, na presença de Pedro II que, da praia, assistiu à chegada do cabo e a finalização da ligação em uma construção em Copacabana. Tão pronto a ligação foi concluída, o Imperador enviou cabogramas aos presidentes das três Províncias, nos seguintes termos: «Já se acha o cabo submarino no território da capital do Brasil. A eletricidade começa a ligar as cidades mais importantes deste Império, como o patriotismo reúne todos os brasileiros no mesmo empenho pela prosperidade de nossa majestosa pátria. O Imperador saúda, pois, a Bahia, Pernambuco e Pará por tão fausto acontecimento, na qualidade de seu primeiro compatriota e sincero amigo. Até aos bons anos de 1874.» Neste dia, o Barão de Mauá foi elevado a Visconde.

Em 22 de junho de 1874, quando a ligação com a Europa foi completada (de Recife a Carcavelos em Portugal,via Cabo Verde e Ilha da Madeira), a notícia foi alcançar o Imperador em visita à Biblioteca Nacional, então na Rua do Passeio, 46. Sua Majestade mandou passar cabogramas ao presidente da Brazilian Submarine Telegraph Company _depois_ Western Telegraph Co. Ltd. E aos monarcas de Portugal, Inglaterra e Áustria.

Houve manifestações na Câmara e júbilo popular. A Imprensa divulgou, por vários dias, notícias à respeito.

A gravura mostra, à direita, o casebre onde foi instalado o terminal do cabo submarino. Hoje, no local, está o prédio nº 4.228 da Av. Atlântica.

quarta-feira, dezembro 12, 2007

Pardais

Consta que foi Pereira Passos que mandou vir, de Portugal, 200 pardais (Passer domesticus) que foram soltos no Campo de Santana, em 1903. Ele imaginava, assim, acabar com os mosquitos da malária que infestavam a cidade. Ocorre que esses pássaros só se alimentam de insetos na época da reprodução, quando necessitam maior quantidade de proteína.

Há gente que reclama, classificando-os de praga e culpando-os pela fuga dos pássaros nativos, como o tico-tico. Na verdade, foi o próprio homem que, através da crescente urbanização e consequente eliminação das árvores frutíferas, expulsou os pássaros nativos. Os pardais são gregários e, diferentemente das espécies nativas, completamente adaptados à vida citadina; constroem ninhos em buracos de construções, sinais de trânsito, sob telhas, quase nunca em árvores.

Os ninhos têm uma forma esférica, com entrada lateral, bastante macio por dentro mas mal acabado por fora. São construídos pelos machos que, assim, conquistam a companheira. Os ovos, em geral 3 ou 4, são pintados e a incubação, feita pelo casal, demora de 11 a 14 dias. O macho distingue-se por uma mancha negra no peito e uma faixa acastanhada que vai dos olhos à nuca; alcançam 15cm de comprimento. Alimentam-se de sementes, brotos de plantas, restos de alimentos dos humanos e insetos; misturam-se às outras aves na disputa da comida. Não sabem cantar, apenas piam; e não caminham com elegância, mas aos saltos.


quarta-feira, dezembro 05, 2007

Beco das Garrafas

Na Rua Duvivier, entre os números 21 e 37, há uma pequena ruela que foi muito frequentada, na década de 1950. Aí se concentravam pequenos bares, conhecidos como "fumaceiros" cujos frequentadores faziam tanta algazarra de madrugada, quando saíam dos bares, que os moradores da vizinhança protestavam jogando garrafas desde o alto dos edifícios. Razão porque Sérgio Porto a apelidou de Beco das Garrafadas, depois abreviado para Beco das Garrafas.

No beco enfileiravam-se um «inferninho» chamadp Ma Griffe ; o bar Bottle's; a boite Baccarat, um templo da Bossa Nova; e, finalmente, o Little Club, pioneiro dos chamados shows de bolso.

No Baccarat , ficaram conhecidos e atingiram o estrelato Dulores Duran e Helena de Lima. Havia um garçon, o Pierre, que interpretava canções francesas ainda com a bandeja debaixo do braço, e que mais tarde abriu seu próprio bar, o Kilt Club,não muito longe dali, na Rua Carvalho de Mendonça.

Luiz Carlos Miele foi o mais famoso produtor de shows neste recanto de Copacabana, em que se apresentaram, entre outros, Leny Andrade, Dóris Monteiro, Tito Madi, Luís Carlos Vinhas, Sérgio Mendes, Baden Powell, Nara Leão.

Na década de 1960 entrou em decadência, perdendo o brilho e a fama conquistados na década anterior.