Pouca gente conhece o monumento por seu nome oficial. É a escultura, de 7 metros de altura, em alvo mármore de Carrara, em que três jovens, representando a Mocidade, se acercam de Cupido, que, no alto, personifica o Amor. A obra foi encomendada ao escultor francês Eugène Thievier, e presenteada à cidade pela Casa Adriano Ramos Pinto, fundada em 1880 na cidade do Porto, e grande exportadora de vinhos para o Brasil no início do século XX. Foi uma contribuição aos trabalhos de embelezamento da cidade, então levados a cabo por Pereira Passos.
A fonte foi inaugurada em 24 de janeiro de 1906, no jardim da Glória (perto de onde se encontra, hoje, a Estação do Metrô), pelo Presidente Rodrigues Alves. Após a cerimônia, o Prefeito Pereira Passos convidou as autoridades para uma mesa de doces no English Hotel (que funcionou por 30 anos no Palacete Bahia, no local onde hoje está o Palácio São Joaquim). Nesta ocasião, coube a Olavo Bilac fazer, em nome da cidade, o discurso de agradecimento à empresa Adrianio Ramos Pinto & Irmãos.
À época, houve quem protestasse, alegando que a fonte, além de não passar de um grande reclame (publicidade) da firma lusitana de vinhos, ainda apresentava as jovens em poses licenciosas (embora conste que Pereira Passos mandara vestir _pouco, ainda assim_ uma das figuras femininas do conjunto escultórico, alertado que fora de sua nudez por enviado à França para examinar a obra em elaboração).
Em 1935, o Prefeito Pedro Ernesto mandou removê-la para a entrada do Túnel Novo, no lado de Botafogo. Teve a água cortada em 1983 por haver se transformado em banheiro de mendigos.
O monumento permanece, ainda hoje, onde foi colocado por ordem de Pedro Ernesto, sem água, depredado por vândalos, e coberto de pichações.
7 comentários:
Que decadência !
Vera Bocaiuva
Uma lástima ver este 'estado da arte' do espaço publico.
Minha filha Claudia me manda a notícia de que no livro "A Fonte Adriano Ramos Pinto - O vinho do Porto e a arte da Belle Époque no Rio de Janeiro" de Ana Filipa Correa, editado pela vinícola em 2000, lê-se o seguinte trecho da carta de 7/12/1904 enviada pelo prefeito Pereira Passos a Adriano Ramos Pinto:
"Acho que a figura central, tal qual se acha na photografia, vae escandalisar o nosso publico, que não está ainda preparado para isso, e provocar censuras à administração municipal. Nos Estados Unidos, por certo, tal figura não seria tolerada nem exposta." Ele reclama não tanto pelo nu, mas pela posição da estátua. O prefeito termina a carta dizendo "...estou certo que ordenareis a modificação indicada, mesmo para que eu possa aceitar a vossa offerta."
Já era a segunda tentativa de alterar o monumento, pois em novembro Adriano Ramos Pinto já escrevia que "só é malicioso o que fingidamente se cobre". A sugestão de substituir a mulher por outra figura acaba sendo recusada por falta de tempo e acabam decidindo cobri-la.
Numa pesquisa aleatória pelo google encontrei o seu blogue e não podia deixar de fazer um comentário...Trabalho como guia na Cave Ramos Pinto e todos os dias falo sobre a fonte da juventude, mas realmente nunca tinha visto o estado actual em que se encontra...Entristece-me que as entidades políticas tenham deixado a fonte chegar a tal estado...
Se conhecessem a personagem de Adriano Ramos Pinto e a afeição que sempre teve pelo povo brasileiro teriam compreendido melhor a mensagem da fonte que não era uma mera estratégia de publicidade, mas sim um agradecimento sincero por todo o sucesso que o Brasil tinha dado à casa Ramos Pinto.
Infelizmente a arte é muitas vezes incompreendida...
A bela fonte ENFIM passa por processo de restauro pela Prefeitura do Rio de Janeiro. Penso que a mesma deveria ser transferida para local com segurança mas não afastada dos olhos da população, com o retorno, se possível de seu original e papel de verter água em forma decorativa. Acredito que restaurada mas sem os devidos cuidados, a mesma será mais uma vez destruída pelo vandalismo
É uma grande lástima saber que a Cidade do Rio de Janeiro foi e está sendo destruída não só pela insanidade dos nossos governantes, mas pelo rancor e despeito de todos os períodos porque passou, desde, o advento colonial, o vice reinado e a república. E assim, vai o passado e a memória que não têm como substituí-los.
É uma grande lástima saber que a Cidade do Rio de Janeiro foi e está sendo destruída não só pela insanidade dos nossos governantes, mas pelo rancor e despeito de todos os períodos porque passou, desde, o advento colonial, o vice reinado e a república. E assim, vai o passado e a memória que não têm como substituí-los.
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