Inaugurado em 14 de julho de 1909, veio, com esplendor, substituir o velho Theatro Lírico. O presidente Nilo Peçanha chegou exatamente às 21 horas. O Hino Nacional, tocado pela orquestra no “sulco wagneriano” (como o chama Luiz Edmundo), uma novidade para o Rio.
Terminado o Hino, surge no palco o poeta Olavo Bilac, orador oficial da cerimônia que, com voz sonora, envolve o público com um belo discurso a respeito da representação teatral desde Ésquilo e Eurípides.
A seguir, desenvolve-se o programa musical. Apenas obras de autores brasileiros são executadas. O próprio Francisco Braga rege a orquestra na execução de seu poema sinfônico Insônia. Segue-se o noturno da ópera Condor, de Carlos Gomes. Termina o espetáculo a peça Bonança, de Coelho Neto, especialmente escrita para a ocasião, interpretada pelos atores Lúcia Peres, Luiza de Oliveira, Antonio Ramos, João de Deus, e Nazareth.
Haviam sido distribuídos convites especiais. Todos compareceram em trajes de gala. As senhoras com saias de largas caudas, amplos decotes, cinturas de marimbondo _graças a espartilhos de barbatanas_ grandes capas de veludo, seda ou pele, enormes leques, penteados formando torres ornadas com plumas. Os cavalheiros, alguns em smoking, quase todos em casacas, com cartolas de Paris e brilhantes botinas.
A inauguração do teatro marca uma ocasião nova e fulgurante da vida da cidade, transformada pelo prefeito Pereira Passos de vila colonial em moderna e arejada metrópole.
A saída se fez com estardalhaço. Já havia na cidade certa quantidade de automóveis, o que não tirou o brilho das carruagens: cupês, landaus, berlindas, puxadas por belos cavalos. Não se deve esquecer dos bondes com os assentos forrados de linho branco, amarrado com cadarços _de onde surgiu o nome de “bonde de ceroulas’_ , a espera dos espectadores.
Inaugurou-se o Assírio, bar-restaurante elegantíssimo, com orquestra a embalar, não os frequentadores, mas dançarinas, em números de rara beleza. Entretanto, a frequencia elegante e o ambiente requintado não durou muito tempo. Segundo Luiz Edmundo: Invadiram-no, um belo dia, as filhas de Citera... As famílias, diante da ofensiva cupidínea e acintosa, evacuaram a zona. O teatro, porém, continuou sendo o que era.
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