quarta-feira, março 23, 2011

Cemitério das "Polacas"

O chamado “Cemitério das Polacas”, que tem o nome oficial de Cemitério Israelita de Inhaúma, foi criado pela Associação Beneficente Funerária e Religiosa Israelita, em 1916.

Essa Associação reunia mulheres judias trazidas ao Brasil (e, também levadas a outros paises) por um grupo de judeus dedicado ao tráfico de brancas, conhecido como Zwig Migdal. Homens desse grupo, no período de 1890 até o início da 2ª. Guerra costumava ir a vilarejos da Europa Oriental, prometiam empregos ou casavam-se com judias jovens e pobres, em cerimonias falsas que imitavam os costumes israelitas. As jovens só percebiam o golpe quando já afastadas da família. Eram trazidas para o Rio de Janeiro (e também para prostibulos de cidades da Argentina, Africa do Sul e Índia) onde passavam a viver em bordéis onde eram conhecidas como “francesas”.

As mulheres, quase sempre analfabetas, rejeitadas pela colônia judía, eram, quase sempre, enterradas como indigentes pois, para a colônia, eram consideradas pessoas impuras e teriam tratamento diferenciado nos cemitérios israelitas não merecendo o cerimonial dedicado aos seus mortos. Pois criaram uma Associação, construiram uma sinagoga, e estabeleceram um cemitério em Inhaúma.

Há livros bastante interessantes sobre o assunto. Posso citar O Baile de Máscaras, de Beatriz Kushnir; e o de autoria da jornalista Isabel Vincent, que conta a história de três mulheres: Bertha, uma das criadoras e presidente da Associação; Sophia, vendida pelo pai aos 13 anos de idade; e Rachel, forçada a prostituir-se pelo marido.

O Cemitério Israelita de Inhaúma foi tombado definitivamente pela Prefeitura como Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro. O decreto nº 32993, de 27 de outubro de 2010, reza: “a sua fundação em 1916, pela Associação Beneficente Funerária e Religiosa Israelita, representou um papel social relevante para uma parcela da população de imigrantes israelitas no país”. Fica na Rua Piragibe, em Inhaúma.

A imagem mostra a localização do Cemitério.

Há blogs que tratam do mesmo assunto. Vejam em Polacas e em Historia do Brasil

2 comentários:

BEATRIZ KUSHNIR disse...

Muito obrigada pela referência. Apenas uma observação, o livro da Vicent se aproveitou (digamos assim)de minha pesquisa. Um abraço

Ivo Korytowski disse...

O melhor livro (romanceado) sobre as polacas é Jovens Polacas de Esther Largman. Foi publicado pela Record e recentemente foi lançada a edição de bolso mais barata.