quarta-feira, março 25, 2009

Capela Nossa Senhora da Cabeça


A pequena igreja, situada à Rua Faro nº 80, no bairro do Jardim Botânico, é uma das mais antigas da cidade. Sua construção se deu por volta de 1603, em terras do Engenho d'El Rei que se estendia desde a Lagoa Rodrigo de Freitas _então chamada de Sacopenapã_ até o sopé do Corcovado, e do Humaitá até a Gávea. Hoje, está em terreno da Casa Maternal Mello Matos, um abrigo para crianças mantido por religiosas.

Embora tenha sido submetida a obras em 1856 e na primeira metade do século XX, manteve os traços característicos da época em que foi construída. Fachada simples, com frontão triangular, porta com beirais de cantaria, duas janelas gradeadas e entrada com alpendre sustentado por duas colunas toscanas.

Pode ser visitada, de segunda à sexta-feira, de 09:00 às 16:30h. Contato pelo telefone (21) 2512-5565.

A cabeça a que se refere a designação é o nome de um pico da Serra Morena, na Andaluzia, Espanha, onde, em 1227, em meio a uma fogueira, Nossa Senhora apareceu diante do pastor Juan de Rivas. Pedia que o pastor fosse à vila de Andújar avisar ao povo que Deus queria que fosse, naquele local, construído um santuário. Juan prometeu atender ao pedido, mas receou que não acreditassem nele. A Virgem, então, restituiu-lhe o braço que lhe havia sido decepado na luta contra os mouros; o milagre serviria de prova. A população, entusiasmada, proclamou Nossa Senhora da Cabeça padroeira da vila, e construiu, no local da aparição, um belo santuário.

quarta-feira, março 18, 2009

Praça Tiradentes

A atual Praça Tiradentes teve origem, nos idos do Séc. XVII, no desmembramento do então chamado Campo de São Domingos. Em 1690 chamava-se Rossio Grande, em clara alusão ao Largo do Rossio lisboeta; mais tarde, passou a Campo dos Ciganos, devido à chegada, de Portugal, de um grupo desses nômades, e que ali montaram, por algum tempo, suas barracas. A partir de 1747, com a construção da Capela de NªSª da Lampadosa, passou a ser conhecida como Campo da Lampadosa. Em 1808, passou a ser o Campo do Polé, graças à instalação, no local, de um pelourinho. Em 1821, passou a ser chamada Praça da Constituição; D. Pedro, assumindo o posto de Príncipe Regente, jurou fidelidade à Constituição Portuguesa de uma das varandas do Real Teatro São João que ficava onde, hoje, encontra-se o Teatro João Caetano. Finalmente, em 1890, ao aproximar-se o centenário da morte de Joaquim José da Silva Xavier, passou a ter o nome de Praça Tiradentes, pela proximidade do local onde se acredita ter sido enforcado o protomártir da Independência.

No centro da praça, o monumento a Pedro I, mandado erigir por Pedro II, foi inaugurado em 1862. Apresenta o Imperador a cavalo, fardado de general, segurando com a mão esquerda as rédeas, enquanto com a direita exibe a Constituição de 1824.(Há quem acredite tratar-se das cartas recebidas às margens do Ipiranga.) No pedestal, quatro estátuas de bronze representam os rios Amazonas, Paraná, São Francisco e Madeira. O monumento nasceu de um concurso internacional, em 1855, vencido pelo brasileiro Maximiliano Mafra, e foi construído em Paris por Louis Rochet ( 3º colocado no mesmo concurso) que tinha como aprendiz o jovem Auguste Rodin.

Em 1865 acrescentaram-lhe quatro alegorias representando as virtudes das nações modernas: a Justiça, a Liberdade, a União, e a Fidelidade, depois transferidas para a Praça NªSª da Paz, em Ipanema. O gradil foi instalado em 1865, e dos oito lampiões iniciais, restam 5. O monumento foi recentemente restaurado (2006) e as alegorias retornaram, devolvidas à Praça.

Nas proximidades há, ainda, alguns prédios de valor histórico, tais como: o Solar do Visconde do Rio Seco (Pça. Tiradentes, 67), a Igreja do Santíssimo Sacramento (Av. Passos, 50), a casa de Bidu Sayão (Pça Tiradentes,48) e as casas de números 5 e 11 da Rua Gonçalves Ledo.

Na foto grande, do início do século passado, vê-se trecho da praça. No postal, também do início do Séc. XX, podemos apreciar alguns detalhes; e a foto colorida, mais recente, mostra a ausência de vários lampiões.





quarta-feira, março 11, 2009

Convento da Ajuda

No local onde existia, desde o início do séc. XVI, a ermida de Nª Sª da Ajuda, foi construído o Convento. A pedra fundamental foi lançada em 1745, mas o convento só começou a funcionar em maio de 1750, com doze postulantes na clausura, a viver sob a Regra das Concepcionistas Franciscanas com as Constituições do Mosteiro da Luz, de Lisboa, adaptadas ao nosso país. O chafariz, conhecido como das Saracuras, é obra de Mestre Valentim, foi inaugurado em 1795 no pátio interno do convento, e desde 1917, encontra-se na Praça Gen. Osório, em Ipanema. A foto acima mostra o chafariz onde as freiras lavavam suas roupas.

O mosteiro ficava localizado no início do caminho dos arcos, hoje Rua Evaristo da Veiga, onde permaneceu até 1911. Atualmente, o convento está na Rua Barão de São Francisco, 385, em Vila Isabel.

A vida do convento começou com monjas de Santa Clara, vindas do Mosteiro do Desterro, na Bahia, e que permaneceram até cerca de 1766.

O corpo de D. Maria I, mãe de D.João, foi enterrado no interior do convento, onde permaneceu até ser transladado para Lisboa. Também lá esteve o corpo de D. Leopoldina, primeira esposa de D. Pedro I, até a demolição, quando passou para o Convento de Santo Antonio (no Largo da Carioca) onde permaneceu até 1954, quando foi transladado para o Museu do Ipiranga, em São Paulo.

Em 19 de maio de 1855, o governo imperial baixou a Lei Nabuco, que proibia as admissões nas ordens religiosas. O convento permaneceu com apenas 4 freiras, além da madre-superiora que pediu várias vezes a intervenção da Princesa Isabel, de forma a permitir a admissão de postulantes, nada conseguindo. O noviciado só foi reaberto com a República, já no ano de 1891.

Nas fotos abaixo vemos o convento, em 1907, com o Palácio Monroe ao fundo; nota-se a Av. Central (atual Rio Branco) pronta, com postes separando as pistas de rolamento, e parte da Praça Floriano (que seria ampliada com a utilização de trecho do terreno do Convento). Na última foto, tirada em sentido contrário, pode-se ver, ao longe, parte da fachada do Theatro Municipal.






quarta-feira, março 04, 2009

Fonte da Saudade

Seguindo o caminho de São Clemente, o Príncipe D. João chegava à Lagoa justo na praia da Piaçava, no sopé do morro da Saudade. Dali, que era um porto de canoas, Sua Alteza alcançava o Jardim Botânico navegando pelas águas tranqüilas da Lagoa.

Consta que havia, junto à praia da Piaçava, uma fonte onde, nos princípios do Séc XIX, lavadeiras portuguesas iam lavar roupas. E cantavam fados, relembrando com saudades a terra distante. A fonte vertia uma água mágica. Rezava a lenda que quem dela bebesse nunca mais esqueceria as belezas do lugar.

Hoje, o espaço entre as faldas do Morro da Saudade e a Lagoa ampliaram-se graças aos aterros da época do prefeito Carlos Sampaio, mas a região manteve o nome. E o prédio de número 111, da Rua Fonte da Saudade, exibe, em seus jardins, uma alegoria da Fonte.

As fotos mostram a fonte em foto de Malta (1890), a praia da Piaçava sendo aterrada (c.1910), e a homenagem no jardim do edifício.