quarta-feira, agosto 31, 2011

Av Rio Branco - Visc. Inhauma


As fotos deste post mostram trechos da Avenida Rio Branco, antes de 1912.

A primeira, foi tirada na esquina da Rua Teófilo Otoni, na direção da Praça Mauá. Pode-se ver, à esquerda, na esquina da Rua Visconde de Inhaúma, parte do prédio atualmente ocupado pelo Banco Central, e um dos poucos remanescentes da primeira geração de edifícios da Av. Central.

A seguda foto foi tomada de um lugar bem próximo, mas do lado oposto da Rio Branco, da esquina da Rua Visconde de Inhaúma e em direção à Cinelândia. A torre que se vê no lado par da Av. Rio Branco, pertencia ao prédio do Jornal do Brasil.



quarta-feira, agosto 24, 2011

Castelinho do Flamengo




O castelinho na Praia do Flamengo, hoje Centro Cultural do Município, foi projetado por Francisco Santos, em 1916, para servir de moradia para o dono da Construtora Silva Cardoso e sua família.

A construção terminou em 1918, e a imagem do prédio serviu de ilustração para os anúncios da Construtora.
O prédio sofreu grandes restaurações em 1989 e 1992 para abrigar o Centro Cultural Oduvaldo Viana Filho.

quarta-feira, agosto 17, 2011

João Caetano


João Caetano dos Santos nasceu aos 27 de janeiro de 1808, filho do Capitão-de-Ordenanças de mesmo nome, e de D. Maria Rosa dos Santos.

Ainda muito jovem assentou praça como cadete do Batalhão do Imperador, tendo participado de algumas campanhas no Sul. Entretanto, seu destino era o teatro e contrariando os desejos dos pais, pediu baixa e tornou-se ator.

Começou em um pequeno teatro em Itaboraí, obtendo tal êxito que veio para o teatro de Niterói, representar em dez récitas. O sucesso obtido o fez entrar para o Teatro Fluminense.

A organização da primeira companhia brasileira, com atores nacionais e ordenados fixos, deve-se a João Caetano, que ainda lhes ofereceu assistência material.

Mudando-se para o Rio de Janeiro, veio a construir um teatro na Rua do Valongo. Entretanto, não tendo tido êxito comercial neste empreendimento, foi trabalhar em outras praças, quer em Angra dos Reis, quer em Recife, vindo a tornar-se um ator popular de sucesso.

Empresariou o Teatro São Pedro, na Praça Tiradentes, que cinco meses depois veio a se incendiar; reconstruiu-o e, depois de uma temporada de sucesso no Rio Grande do Sul, tornou a ver um incêndio destruir o São Pedro. Reconstruiu-o, novamente, e o fez freqüentar em temporadas de sucesso. Em 1860 fez sucesso em Lisboa para onde tinha viajado para representar.

Morreu em 24 de agosto de 1863, tendo sido enterrado no Cemitério de São Francisco de Paula.

A estátua foi erigida em 1891, em frente à antiga Academia Imperial de Belas Artes, e transferida, em 1916, para a frente do Teatro João Caetano, antigo Teatro São Pedro. É obra do escultor Francisco Manuel Chaves Pinheiro e representa o artista em uma cena da peça de Arnoult: “Oscar, filho de Ossian”. A espada que ostentava na mão direita foi roubada em 1985, recolocada em 1988, e novamente desaparecida em 2002. A foto abaixo é um cartão postal que mostra o Teatro, em frente à Praça Tiradentes.




quarta-feira, agosto 10, 2011

"Casa dos Bichos" - Mansão Dias Garcia

A foto de 1979 mostra o escritório da VEPLAN em uma das casas que marcaram a Avenida Atlântica.

Construída pelo conde Antonio Dias Garcia (1859-1940), que tinha emigrado para o Brasil e graças a seus esforços a partir da parceria em uma loja de ferragens, conquistou seu lugar na sociedade, e graças às suas benemerências, veio a receber, em 1928, o título de Conde, concedido pelo papa Pio IX e por intermédio do Cardeal Arcoverde do Rio de Janeiro, e o grau de Comendador da Ordem e Instrução e Benemerência, concedido pelo governo português e proposto pelo ministro da Instrução Nacional. A casa, plantada em terreno que ia até a Rua Domingos Ferreira, foi morada da família Dias Garcia até o final da década de 1960.

Vários animais existiam em seus jardins, o que fazia a alegria das crianças que se aboletavam no muro de pedra da “casa dos bichos” para admirá-los. Veja foto, publicada pela Revista LIFE, quando da visita de Wald Disney e sua equipe ao Rio de Janeiro.

Contam que para a instalação da VEPLAN o muro foi retirado, tendo suas pedras numeradas para posibilitar um eventual restauração. Depois de algum tempo foi a casa demolida para a construção do Hotel Marriot, inaugrado em 2001.




quarta-feira, agosto 03, 2011

Estátua da Amizade

Por iniciativa da American Chamber of Commerce foram recolhidos donativos para presentear o Brasil, no centenário de nossa independência, com uma estátua figurando a amizade entre os dois paises.

Realmente, em 1922, foi presenteado ao Brasil o bronze de autoria do escultor americano Charles Keeke. Entretanto, faltava um pedestal à estátua. Passaram-se as administrações dos prefeitos Carlos Sampaio, Alaor Prata e Antonio Prado e a estátua permanecia guardada, por não dispor de pedestal, até que, em 1931, por ação do Sr. Pedro Viana da Silva, diretor de arborização e jardins (que viria, depois, a se tornar a Fundação Parques e Jardins) o escultor Benevenuto Berna concebeu um pedestal, de 4m de altura, com uma alegoria: dois medalhões entrelaçados, com os bustos de George Washington e de José Bonifácio, com duas palmas, representando as duas nações, e envolvidas por folhas de hera simbolizando a amizade perene. Pode, então, o monumento ser inaugurado em 4 de julho de 1931, na confluência das Avenidas Pres. Wilson, e Churchill. É de se notar, nas fotos, a vastidão ainda deserta da Esplanada do Castelo de um lado, e a Igreja de Santa Luzia, de outro.

Onze anos depois, e com um pedestal bem mais alto, foi o monumento reinaugurado na Praça Quatro de Julho, fronteira à Embaixada dos EUA, hoje Consulado, que se vê na foto acima;

A escultura de Charles Keeke representa uma mulher, em pé, sustentando na mão direita uma palma de louros e tendo na esquerda os pavilhões americano e brasileiro ornados com folhas de louro. Na cabeça, a mulher tem um barrete frígio. A estátua tem pouco mais de 4 metros de altura, sobre um pedestal de 8 metros.







quarta-feira, julho 27, 2011

Cabeça de Porco

O Cabeça de Porco era um famoso e vasto cortiço no centro do Rio de Janeiro, perto de onde está, hoje, o túnel João Ricardo.

Á sua entrada, existia um grande portal em arcada encimado por uma cabeça de porco. Arcos, com cabeças de animais em gesso, eram comuns à época, em quintas e chácaras.

As histórias que cercam este cortiço são contraditórias. Algumas passaram a lendas urbanas, como a que dizem ter sido habitado por 4000 pessoas. Mas por volta de 1800 era, talvez, o maior cortiço da cidade. Um verdadeiro labirinto arquitetônico que se estendia da Rua Barão de São Felix até a pedreira dos Cajueiros, no Morro da Providência. Dizem que em seu interior “havia grande número de cocheiras com animais e carroças, galinheiros e até um armazém”, segundo uma reportagem publicada em 1926.

Era voz corrente que o proprietário do “Cabeça de Porco” seria o conde d’Eu, genro de D. Pedro II; entretanto, documentos indicam a existência de vários proprietários desde a primeira metade do Séc.XIX. Alguns permanecem nas redondezas como nomes de logradouros públicos, como é o caso da travessa de D.Felicidade e da ladeira do Faria.

Em 1891, o município assinava contrato com o engenheiro Carlos Sampaio, que se propunha a abrir um túnel e prolongar as ruas até sua entrada.

Em 26 de janeiro de 1893, o Prefeito Barata Ribeiro (o mesmo que dá nome à movimentada rua de Copacabana) baixou um decreto que permitia à Prefeitura dar combate aos cortiços da cidade. Neste mesmo dia, começou a demolição do Cabeça de Porco, executada pelo próprio Prefeito, secundado de um verdadeiro exército de empregados da Prefeitura, e mais bombeiros, funcionários da Higiene Pública, o chefe de polícia em pessoa, policiais, sanitaristas e engenheiros.

Ângelo Agostini, em reportagem na Revista Ilustrada, assim se refere à demolição: “Quem suporia que uma barata fosse capaz de devorar uma cabeça de porco em menos de 48 horas? Pois devorou-a alegremente, com ossos, pele e carne, sem deixar vestígios. E só assim a secular cabeça, que derrubou ministérios, fez as delícias do Conde d’Eu e as glórias da respeitável D.Felicidade Perpétua de Jesus, deixou de ser, sob o domínio impiedoso de uma barata...” O desenho abaixo ilustrava o texto.

Mal havia desaparecido o famoso cortiço, e os jornais já noticiavam a construção do túnel, que só seria concluída em 1922, quando era Prefeito o próprio Carlos Sampaio.

O Cabeça de Porco foi consagrado como uma coleção de vícios e defeitos de uma moradia e, como tal, incorporou-se à nossa linguagem como um sinônimo de habitação coletiva insalubre e de má qualidade.


quarta-feira, julho 20, 2011

Sociedades Carnavalescas Cariocas

A partir do séc. XIX, começaram a se formar, no Rio de Janeiro, as chamadas Sociedades Carnavalescas, que também eram designadas de Grandes Sociedades, Clubes Carnavalescos, ou apenas Sociedades. Essas agremiações promoveram durante muito tempo os mais importantes eventos carnavalescos no Rio de Janeiro.

No final da década de 1830, quando se começou a copiar o carnaval feito em Paris, rejeitando o chamado “entrudo” que era constituído de brincadeiras rudes e de mau gosto, o Rio começou a copiar os Bals Masqués franceses. A elite desfilava pelas ruas da cidade ao se deslocar das sedes das Sociedades aos locais onde se realizavam os bailes. E os próprios desfiles acabaram se transformando no que passaria a ser chamado de corso. Quem podia desfrutar de uma carruagem, e depois, de automóveis, passou a “fazer o corso”, que no início do séc. XX, consistia em desfilar não só pela Avenida Rio Branco, do obelisco à Praça Mauá e, de lá, no sentido oposto até o ponto inicial, como também pela Avenida Beira-Mar. Das viaturas, pessoas lançavam serpentinas e confetes nos outros carros, bricadeira bem mais simpática que o grosseiro entrudo que se vê na ilustração de Debret.

As fotografias mostram imagens de desfiles na Av. Rio Branco, e na Av. Beira Mar.



quarta-feira, julho 13, 2011

A Piedade de D.Pedro II

"Revista da Semana", do Rio de Janeiro, número especial, de 28 de novembro de 1925.

Quatro dias após a proclamação da República, a legislação brasileira recebia o seguinte decreto:

"Considerando que o senhor D. Pedro II pensionava, de seu bolso, a necessitados e enfermos, viúvas e órfãos, para muitos dos quais esse subsídio se tornava o único meio de subsistência e educação;

Considerando que seria crueldade envolver na queda da monarquia o infortúnio de tantos desvalidos;

Considerando a inconveniência de amargurar com esses sofrimentos imerecidos a fundação da República;

Resolve o Governo Provisório da República dos Estados Unidos do Brasil:

Artigo 1° - Os necessitados, enfermos, viúvas e órfãos, pensionados pelo Imperador deposto continuarão a perceber o mesmo subsídio, enquanto durar a respeito de cada um a indigência, a moléstia, a viuvez ou a menoridade em que hoje se acharem.

Artigo 2° - Para cumprimento dessa disposição se organizará, segundo a escrituração da ex-mordomia da casa imperial, uma lista discriminada quanto à situação de cada indivíduo ou à quota que lhe couber.

Artigo 3° - Revogam-se as disposições em contrário.

Sala das sessões do Governo Provisório, em 19 de novembro de 1889. - Manuel Deodoro da Fonseca - Aristides da Silveira Lobo - Rui Barbosa - Manuel Ferraz de Campos Sales - Quintino Bocaiúva - Benjamim Constant Botelho de Magalhães - Eduardo Wandenkolk".

Observação de um republicano:

- Não precisa o túmulo de Pedro II de epitáfios pomposos, em latim grandiloqüente. Basta que se grave esse decreto do Governo Provisório sobre a pedra mármore de Pedro, o Pobre.

quarta-feira, julho 06, 2011

O Embaixador e o Barão

Contam que, no início do século passado, fora enviado ao Rio de Janeiro, de um país de colonização hispânica, um diplomata para, aqui, desempenhar a tarefa de embaixador. Seu sobrenome era Porras y Porras.

O Embaixador, nas recepções diplomáticas, apresentava-se às senhoras presentes sempre com as mesmas palavras:

“- Porras y Porras, a sus órdenes”.

O Barão do Rio Branco, Ministro de Relações Exteriores do Brasil (de 1902 até 1912), a cada vez que o Embaixador se apresentava, virava-se para quem estava a seu lado e dizia, à meia-voz:

“_ O que me irrita é a insistência.”

A bem da verdade, esta história deve ser uma lenda urbana. Há relatos diferentes, em que ora o embaixador é paraguaio, ora trata-se de um panamenho que foi Presidente de seu país e não tinha o nome dobrado (Belisário Porras), ora ainda o fato teria ocorrido com Francisco Franco (1892-1975) Ditador de Espanha de 1938 até sua morte (aquele “Caudillo de España por la grácia de Diós”, como constava no verso das moedas de pesetas da época)

quarta-feira, junho 29, 2011

Casa Laura Alvim


Interessante a história ligada à casa construída, na década de 1910, pelo Dr. Álvaro Alvim, em Ipanema.

Álvaro Alvim (1868-1928) foi médico e cientista brasileiro, introdutor dos raios-x no Brasil, e dá nome à uma rua na Cinelândia.

A filha caçula, Laura (1902-1984), embora impedida de ser atriz (profissão, à época, incompatível com sua posição social) nunca abandonou o convívio com as artes. Mesmo porque era neta de Ângelo Agostini, caricaturista de grande importância na Imprensa da cidade na segunda metade do século XIX.

Após o falecimento do pai, Laura comprou a parte dos irmãos, e começou a transformar a casa. Montou um palco no interior da residência, onde fazia representar peças para os amigos, e transformou o local em ponto de encontro de gente ligada às artes.

Não casou nem teve filhos e, seis meses antes de falecer, doou a casa para o Governo do Estado para que fosse transformada em um Centro Cultural. Sua idéia era que o prédio principal abrigasse um museu dedicado a mostrar a obra do pai e, nos fundos, deveria ser instalado o Centro de Arte Angelo Agostini. Apesar disso, o Estado resolveu que Laura é que seria homenageada.

Depois de algumas dificuldades, a Casa Laura Alvim foi inaugurada em 12 de maio de 1986. E, desde então vem fazendo exposições, apresentando peças teatrais e exibindo filmes. O Centro cultural, mostrado na foto abaixo, (como era em 1951, e como é atualmente) mantém um sítio na internet no endereço: http://www.casadelaura.com.br/







terça-feira, junho 21, 2011

A Baleia do Leme

A relação do Leme com baleias vem de longo tempo. Consta que em 1858 uma baleia encalhada no Leme teria trazido o Imperador e sua familia para um pique-nique na praia.

Bem verdade que, àquela época, chamava-se de Leme o trecho entre o Morro do Inhangá e a Pedra do Leme (ou do Vigia). Não é por outro motivo que é chamada de Ladeira do Leme a que sobe o Morro de São João desde a frente do RioSul, em Botafogo, e chega à Praça Cardeal Arcoverde. Denominado Copacabana, mesmo, era do Inhangá à Igrejinha, nas pedras onde hoje está o Forte de Copacabana.

Com a abertura do túnel que dá na Av. Princesa Isabel, o chamado Leme reduziu-se, passando a ser desta avenida até a Pedra.

De qualquer forma, eu queria era falar da escultura de aço colocada no calçadão central, no início da Av. Atlântica. A obra, de Ângelo Venosa (1954- ) foi feita para ser colocada na Praça Mauá, escolhida em concurso público realizado à época da renovação na região promovida no final dos anos 1980.

Depois de uma estada de cerca de dez anos, foi o monumento transferido para o início da Av. Atlântica. Muitos a chamam de “A Baleia Encalhada” ou, simplesmente, “A Baleia”. De fato, o monumento, de seis metros de comprimento e doze toneladas, lembra o esqueleto do animal, embora o autor já tenha dito que não pretendeu figurar nada e que, na verdade, é apenas uma escultura.




quarta-feira, junho 15, 2011

Baía da Guanabara

O nome da baía onde se localiza a cidade do Rio de Janeiro tem origem indígena.

Jean Lery(1536-1613) um dos fundadores da França Antártica (que durou de 1555 a 1560, quando foram expulsos pelos portugueses) foi o primeiro a escrever a palavra Guanabara, em seu livro Histoire d'un voyage faict en la terre du Brési (título como no original publicado em 1578).

A palavra, herdada dos tamoios, é composta de três termos em tupi: goa - seio, bacia; - semelhante; e pará - mar, portanto: bacia semelhante a mar.

Goanãpará teve o p abrandado para b sendo escrita Guanabara e pronunciada como oxítona, mas passou, em português, a paroxítona, como viria a identificar o engenheiro, escritor e historiador Teodoro Fernandes Sampaio (1855-1937).

A imagem retrata o mapa da Baía da Guanabara em 1574.

quarta-feira, junho 08, 2011

A Vala e o Vice-rei

A atual Rua Uruguaiana foi, por muito tempo, a Rua da Vala. Originou-se de uma vala que também servia de limite da cidade. Para além da vala era campo desabitado e, nas proximidades de onde hoje está a Praça da República havia a Lagoa da Sentinela (porque alí, à beira do alagado, ficava uma sentinela pronta a dar o aviso em caso de ataque dos índios).

Pois bem, dizem que o Vice-rei Luís de Vasconcelos e Souza, conde de Figueiró (1778-1790), arranjou uma amante que residia, com o marido, na Rua da Vala. Saía de casa o marido e nela se enfiava o conde. Pois um belo dia, ouvindo ruídos que vinham da entrada, Dom Luís percebeu que o marido voltava, juntou suas roupas e pulou a janela da casa.

Pois teria entrado, seminú, na água pouco limpa da tal vala. Diz-se que depois disso, o Vice-rei mandou cobri-la, fazendo-a correr sob a rua. O fechamento do chafariz da Carioca tirou sua utilidade. Hoje o local é ocupado pelo túnel do Metrô.

Veja, também, o post Rua Uruguaiana.


Link

quarta-feira, junho 01, 2011

Piedade

Construída em 1873, a estação ferroviária era conhecida como Gambá. André Nunes nos conta: "No momento de expansão ferroviária do Império em direção à Zona Norte da cidade do Rio, o Imperador resolveu fazer uma parada em uma região onde havia vários gambás. Por conta disso, o lugar ficou conhecido como Parada Gambá ou Estação Gambá".

Claro que o nome não agradou a muita gente que morava nos arredores. Houve até uma senhora que enviou uma carta ao Diretor da Estrada de Ferro: “Por piedade, doutor, troque o nome de nossa Estação”. O Diretor, em resposta, prometeu: “Será feito, minha Senhora. A estação passará a chamar-se Piedade.”

Esta, a curiosa origem do nome que, naturalmente, passou a designar todo o bairro atendido por esta Estação. A foto mostra a plataforma em 1959.


quarta-feira, maio 25, 2011

Olavo Bilac





Nascido nesta cidade do Rio de Janeiro em 16 de dezembro de 1865, Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac (nome que forma um perfeito verso alexandrino) embora encaminhado pelo pai para a Faculdade de Medicina, abandonou-a para ser jornalista e poeta. Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras onde criou a cadeira de número 15, cujo patrono é Gonçalves Dias.

O nome de Olavo Bilac está ligado à literatura infantil, à ação cívica, à defesa do serviço militar obrigatório. Escreveu a letra do Hino à Bandeira. É o mais importante de nossos poetas parnasianos.

Foi ligado a José do Patrocínio, Raimundo Correia e Coelho Neto. De espírito boêmio, comparecia, às tardes, à Confeitaria Paschoal, na Rua do Ouvidor, onde se reunia com os amigos. Certa vez, teve um desentendimento com o gerente da Paschoal e retirou-se, seguido pelos amigos, para a recém inaugurada Confeitaria Colombo, na Rua Gonçalves Dias. Foi o início do sucesso da Colombo, enquanto a Paschoal ia à breca.

Dizem que as moças e senhoras passavam pela calçada da Colombo para ver o poeta. Na época de Pereira Passos, o prefeito “bota-abaixo”, apareceu, quase à frente da Colombo, um vasto buraco que demorou a ser fechado e onde, contam, chegou a cair uma senhora distraída, até que Bastos Tigre _grande pândego_ comprou uma palmeira de mediana altura e a plantou no buraco, tampando-o.

De Bilac e seus amigos, muitas estórias são contadas e recontadas. Teremos, talvez, razão e motivos para voltar ao patriota Bilac que nos deixou no dia 28 de dezembro de 1918, aos 53 anos de idade.

quarta-feira, maio 18, 2011

Nota aos amigos que me lêem


Tenho recebido, não apenas comentários, mas também perguntas e solicitações.

Como os comentários são “moderados”, isto é, passam por um crivo, só deixo publicar aqueles que contribuam para o assunto tratado, acrescentando ou corrigindo dados.

Esses “Comentários” vêem, quase sempre, através de mensagens do Google que revelam apenas o blog do remetente; e muitos desses blogs não exibem um endereço e-mail do autor, razão porque fico sem ter como responder.

Em uma dessas mensagens irrespondíveis, o leitor Maurício Cordeiro fez-me uma indagação a respeito da Igreja de Na. Sra. do Parto, já citada no post Rua da Ajuda.

Publico, hoje, o que pode vir a atender a dúvida desse leitor. E contar mais uma das curiosidades dessa nossa cidade.

Igreja de Nossa Senhora do Parto

Em 1649, chegava ao Rio de Janeiro vindo da Ilha da Madeira, o carpinteiro João Fernandes. Aqui chegando, comprou um terreno e construiu, às suas custas, uma capela para abrigar a imagem de Na. Sa. do Parto que havia trazido da Madeira.

A seu lado foi construído, em 1759, o Recolhimento de Na. Sa. do Parto, destinado a acolher as prostitutas arrependidas. Conforme nos conta Dunlop, foi construído com dinheiro deixado por Estevão Dias de Oliveira para ser aplicado em benefício de sua alma, e empregado pelo bispo Frei Antônio do Desterro para a construção do Recolhimento.

Estavam, a Capela e o Recolhimento, lado a lado, na Rua dos Ourives, desde a Rua da Assembléia à de São José, no trecho hoje denominado Rua Rodrigo Silva.

O Recolhimento serviu para que maridos desgostosos e pais desobedecidos encaminhassem esposas e filhas que nada tinham de pecadoras, mas que não atendiam às vontades de maridos e pais. O prédio de três andares sofreu violento incêndio que o destruiu e quase extermina as ‘recolhidas’ (veja), mas foi apagado pela população e, prontamente, reconstruído e reocupado sob o comando do vice-rei D. Luiz de Vasconcelos.

O Recolhimento do Parto existiu até 1812, quando as infelizes foram transferidas para o Recolhimento da Misericórdia, no prédio depois ocupado pela Escola de Medicina. O prédio antigo resistiu até 1906, quando foi demolido para o alargamento da Rua da Assembléia.

Mais tarde, foi construído um edifício que dá frente para a Rua Rodrigo Silva, e possui janelas tanto na Rua da Assembléia quanto na São José. No andar térreo fica, hoje, a Igreja de Nossa Senhora do Parto.

As fotos mostram a porta da igreja em duas tomadas. De uma, pode-se avistar _depois da Rua São José_ o que já foi chamado de “buraco do LUME”, e hoje é denominado Praça Melvim Jones.


quarta-feira, maio 11, 2011

Casa Silveira

Há um castelinho na Glória. Está na Rua do Russel,734. Construído em 1915, projetado pelo arquiteto Antonio Virzi (1882-1954) para servir de residência ao fabricante do Elixir de Nogueira, o Sr. Gervásio Renault da Silveira e sua família.

É um dos remanescentes da Art Nouveau, um belo exemplar que retrata o espírito da Belle Epoque. As ferragens são do italiano Pagani, um mestre do “ferro batido”; um dos destaques é o portão.

O prédio é tombado desde 1980, e já abrigou um simpático restaurante, o Café Glória.



quarta-feira, maio 04, 2011

Ameno Resedá


As origens do rancho carnavalesco são controversas. Consistia de um cortejo, que seguia um rei e uma rainha, uma banda com instrumentos de sopro e de cordas em um rítmo conhecido como “marcha rancho”, mais lento que o samba.

O mais famoso deles foi o Ameno Resedá, fundado em 1907 por funcionários públicos, tendo sede no Catete. No ano seguinte, teatralizou um tema egípcio, o que agradou a assistência e passou a ser o comportamento dos demais grupos. Os enredos eram quase sempre mitológicos e contavam uma história. As fantasias eram sempre luxuosas.

No carnaval de 1911, o Ameno Resedá esteve, a convite do Presidente Hermes da Fonseca, no Palácio Guanabara, de onde, representando o enredo A Corte de Belzebú, saiu em desfile.

Em 1917 instituiu a Comissão de Rancho, que viria dar origem à Comissão de Frente das Escolas de Samba.

Em 1927, Coelho Neto, um de seus admiradores, escreve uma carta na qual incentiva o grupo a adotar temas brasileiros, já que sempre desenvolviam temas europeus. O Rancho, então, inova, apresentando como tema o Hino Nacional, o que foi revolucionário pois era, além de nacional, um tema abstrato. Embora classificado em terceiro lugar, Coelho Neto não deixou de aplaudir, dizendo que “nem sempre quem planta é quem colhe”.

É de se notar que Sinhô (18set1888-04ago1930), tido como pioneiro do samba, foi um dos diretores de harmonia do grupo. Sua foto encima o post.

Em 1941, reunidos em Assembléia, os componentes do Ameno Resedá decidem sua extinção. Parte dos bens foram doados à Irmandade de Nossa Senhora da Glória.

quarta-feira, abril 27, 2011

Estádio do Flamengo na Gávea


A foto acima mostra uma vista, nos anos 1940, do chamado Estádio da Gávea.

É de se notar que o campo ficava bem junto ao espelho dágua, e não era raro a bola ir parar na Lagoa Rodrigo de Freitas.

O estádio é visto no alto da foto aérea onde se nota a distância que, hoje, existe entre o gramado e a Lagoa, fruto de aterros.

Na terceira imagem, vê-se o estádio no canto superior direito da foto que visava mais mostrar a Favela da Praia do Pinto, e a da Ilha das Dragas. A primeira foi desalojada para a construção da chamada Selva de Pedra (quadra limitada pelas Ruas Gilberto Cardoso, Fadel Fadel, Humberto de Campos e Afranio de Melo Franco), tendo seus antigos moradores alojados no Conjunto construído por iniciativa de Dom Elder Câmara no início do Leblon, junto ao Jardim de Alah. Notem que o Clube Monte Líbano já havia sido construído na Av. Borges de Medeiros, junto à Lagoa.

Os mais atentos perceberão que o campo foi ligeiramente deslocado no sentido do Leblon (a arquibancada deixou de ficar no centro do campo). Este deslocamento foi para que se pudesse construir entre ele e o Jockey, a Rua Mário Ribeiro.





quarta-feira, abril 20, 2011

Esquina da Praia de Botafogo com a Rua São Clemente

Apenas duas fotos da esquina da Praia de Botafogo com a Rua São Clemente. Uma em 1950, a outra em 2011. Parece que se manteve, neste período de mais que sessenta anos, além do nome e do traçado, apenas o Corcovado, que se vê ao fundo.

A propósito, um caminho desde a Praia de Botafogo até a Lagoa Rodrigo de Freitas foi mandado abrir pelo vice-Rei Luis de Vasconcelos e Souza (1778-1790) nas terras da Quinta São Clemente. Eis a origem da Rua e de seu nome.