quarta-feira, março 28, 2007

Calçadas de Copacabana



Para calçar a Avenida Central, que acabara de rasgar, Pereira Passos fez vir de Portugal não só um grupo de calceteiros mas até as pedras abundantes nas cercanias de Lisboa, onde, desde 1842 já se vinham formando mosaicos nas calçadas e praças. Logo, as pedras (calcita branca e basalto negro) foram encontradas por aqui, e não mais importadas, mas conservaram o nome de pedras portuguesas .

Curiosamente, o desenho das ondas das calçadas da Av.Atlântica, que caracteriza o bairro e até o Rio de Janeiro, não é brasileiro, foi trazido por aqueles calceteiros lisboetas.

O desenho foi aplicado na Praça Floriano e na calçada da Av. Atlântica, também aberta por Pereira Passos no bairro que começava a ser habitado. O piso da atual Cinelândia ganhou novos desenhos, enquanto o da Av.Atlântica mais realce, a partir de 1970, com o alargamento das pistas e da calçada, e da extensão da faixa de areia. Chamado para refazer o calçamento, Burle Marx manteve o desenho anterior, de 1906, uniformizando a orientação e ampliando o tamanho das ondas, fazendo-as condizentes com a largura da nova calçada.


quarta-feira, março 21, 2007

Chafariz do Monroe

O maior chafariz do Rio tem 10m de altura, é no estilo Napoleão III, e foi comprado em 1878 em Viena, durante o governo de D. Pedro II. Obra de Mathurin Moreau, foi executada na fundição francesa Societé Anonyme des Hauts-Fourneaux & Fonderies du Val d’Osne. É dividido em 3 partes, ou seja, 1 base de ferro e 2 bacias; a bacia mais baixa é subdividida em 4, cada uma sustentada por uma estátua (2 cariátides e 2 atlantes). Acima desta, há outra menor, sustentado por 4 meninos que representam os 4 continentes explorados na época de sua confecção. A base é feita de granito nacional e os 2 conjuntos de anjos de mármore da base, não fazem parte do projeto original.

O chafariz foi inicialmente instalado na Praça XV de Novembro (Largo do Carmo). Em 1962 foi transferido para a Praça da Bandeira. E, em 1979, para o espaço onde estava o Palácio Monroe, hoje denominado Praça Monroe.


quarta-feira, março 14, 2007

General Osório










Na Praça XV, perto do Chafariz da Pirâmide, fica o monumento ao General Manuel Luís Osório, marquês do Herval, patrono da Cavalaria do Exército Brasileiro, inaugurado em 1894. A estátua, encomendada em 1887 a Rodolpho Bernardelli, foi fundida com o bronze dos canhões tomados durante a Guerra do Paraguai. Em seu pedestal repousaram seus restos mortais até 1993, quando foram exumados e transladados para o Parque Histórico que leva seu nome, no Rio Grande do Sul. Nas laterais do pedestal, há dois baixos-relevos que representam a batalha de Tuiuti e o ataque ao Passo da Pátria.

Muitos estranham estar o general, a cavalo, calçando sapatos, e não as tradicionais botas dos cavalarianos. A este respeito, esclarecia Bernardelli que Osório, depois dos ferimentos recebidos nas batalhas de Tuiuti e Avaí, não pôde mais calçar botas, razão porque o representou de sapatos.

quarta-feira, março 07, 2007

Igreja do Rosário

Construída a partir de 1701 pela Irmandade da NªSª do Rosário dos Homens Pretos, fica na Rua Uruguiana,77.

A Irmandade, criada em 1640, funcionava na Igreja de São Sebastião, no Morro do Castelo. Na mesma época e na mesma igreja funcionava uma confraria de São Benedito, também fundada por negros livres e escravos. Em 1669, a confraria incorporou-se à Irmandade que ficou sendo de Nª Sª do Rosário e de São Benedito dos Homens Pretos e Pardos.

Por volta de 1700, devido a desentendimentos com os padres da Igreja de São Sebastião, a Irmandade retirou daquela igreja a imagem de NªSª, que lhe pertencia, e decidiu construir uma igreja só para ela e para São Benedito. Com o auxilio do governador Luís Vahia Monteiro, o Onça, conseguiu um terreno na Rua da Vala (atual Uruguaiana), à época, os confins da cidade. A construção só foi concluída em 1725.

Em 1733, por causa do mau estado da Igreja de São Sebastião, os cônegos resolveram instalar a sede episcopal na Igreja do Rosário, apesar dos protestos da Irmandade. Os ânimos foram se exaltando, e os conflitos chegaram ao auge em 1808. Logo depois de sua chegada à cidade, a família real foi visitar a igreja, então funcionando como sé. Inconformados porque os cônegos não queriam que os negros e pardos, donos da igreja, participassem da recepção aos nobres, os devotos ocuparam a igreja pouco antes da chegada da família real, que se viu obrigada a passar entre alas de negros e pardos. A demonstração de força fez com que os cônegos transferissem a sé para a Igreja do Carmo, no Largo do Paço (atual Praça XV).

O templo fez muita história. No seu pátio, a partir da segunda metade do séc XVIII, foi permitido aos negros comemorar os festejos populares do Rei do Congo. Foi, por duas vezes sede do Senado da Câmara (1809 a 1822; e de 1822 a 1825). Participou do episódio do Fico, pois foi da igreja que saiu Clemente Pereira conduzindo o pedido, com oito mil assinaturas, para que D. Pedro não retornasse a Portugal como exigiam as Cortes, em Lisboa. Em 1830, quando D. Pedro I legitimou a Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro, ela tinha sua sede no consistório da igreja. A Irmandade participou ativamente do movimento abolicionista.

Ainda no séc XIX a igreja passou por grande reforma, sendo reconstruídas as duas torres, e mantida a portada, de princípios do séc. XVIII. Seu estilo 'maneirista' (tardo-renascentista) difere do barroco que predomina na cidade. Em 26/03/1967, a igreja sofreu grandes danos causados por um incêndio que consumiu todo o seu interior.

Como agremiação de negros e pardos, muitos destacados membros dessa comunidade formaram parte, desde a época colonial, da Irmandade do Rosário e São Benedito, como o escultor e urbanista Valentim da Fonseca e Silva _ o mestre Valentim_ (enterrado na igreja em 1813, e recordado na entrada em uma placa de bronze) e o compositor e regente padre José Maurício Nunes Garcia, que foi diretor musical da igreja (1798-1808), quando ela ainda era a catedral da cidade. Ali funciona, hoje, o Museu do Negro, com peças da época da escravidão e documentos do movimento abolicionista.