quarta-feira, abril 30, 2008

Praça José de Alencar


Uma ponte construída por Antonio Salema sobre o rio Carioca, ainda no séc. XVII, transformou-se em ponto de convergência de várias ruas: o Caminho Velho de Botafogo (atual Senador Vergueiro), o Caminho Novo de Botafogo (Marquês de Abrantes), ruas do Catete, Conde de Baependi e Barão do Flamengo. Houve tempo em que se cobrava pedágio para cruzar a ponte, segundo nos conta Vivaldo Coaracy.

O local conhecido inicialmente como Largo do Salema, foi, ao longo do tempo, mudando de nome, Largo da Ponte do Catete, Largo do Catete, Praça Ferreira Viana, até que em 1897, teve seu nome trocado para Praça José de Alencar, com a inauguração do monumento ao romancista, obra de Bernardelli. As pontes eram substituídas por novas até que, no início do séc.XX, Pereira Passos promoveu a canalização do rio Carioca.

Entre as ruas Sen. Vergueiro e Barão do Flamengo ficava o Hotel dos Estrangeiros, em cujo saguão foi apunhalado pelas costas o político gaúcho Pinheiro Machado, em setembro de 1915.

As fotos mostram a estátua de Alencar diante do Hotel escondido atrás das folhagens; e uma vista da Praça desde o alto do Hotel, em 1906.





quarta-feira, abril 23, 2008

Igreja de São Jorge

Na verdade, Igreja de São Gonçalo Garcia e São Jorge. Fica na Rua da Alfândega, 382, junto à Praça da República.

As obras da igreja de São Gonçalo, iniciadas em 1750, em terras doadas por Antônio Lopes Xavier, perduraram até 1780. A inauguração solene ocorreu em 20 de abril de 1781. Em 1850, a então Igreja de São Jorge, na esquina das ruas Luís de Camões (à época, de São Jorge) e a Gonçalves Ledo, estava em lamentável estado de conservação, razão porque a igreja de São Gonçalo deu acolhida à imagem do Santo.

Em 1854, as irmandades se uniram constituindo a Venerável Confraria dos Gloriosos Mártires São Gonçalo Garcia e São Jorge.

Em 1913 a torre sineira, construída em 1818, foi seriamente avariada por um raio; reconstruída, recebeu um coruchéu neogótico. Seu interior também foi todo reformado, perdendo as características anteriores.

São Jorge, que representa Ogum no sincretismo dos seguidores das religiões de origem afro, tem muitos devotos. No dia dedicado ao santo, 23 de abril, é feriado municipal (desde 2002), e estadual (desde fevereiro deste ano de 2008), as missas começam às 0500h e seguem por todo o dia com a igreja sempre lotada.

Embora não mais reconhecido como santo pela Igreja Católica, permanece na devoção do carioca, devoção que vem desde os tempos da colônia. É de se notar que São Jorge é padroeiro da Inglaterra, de Portugal, da Lituânia, da Catalunha, de várias cidades, dos soldados e escoteiros.

Na foto, a fachada da igreja na Rua da Alfândega, junto à Praça da República.

quarta-feira, abril 16, 2008

Rua dos Ourives


Como ia desde a Igreja de Nª.Sª. do Parto (no final da Rua São José) até o morro da Conceição, ficou sendo, desde o séc. XVII, o Caminho do Parto para Conceição. Cortava, de modo oblíquo, as ruas perpendiculares ao litoral, quase como uma continuação da rua da Ajuda. Com o passar do tempo, nela começaram a instalar-se as oficinas dos lapidários e joalheiros, sempre olhados com desconfiança pelas autoridades, por suspeitarem da existência, entre eles, de receptadores do ouro sonegado à vigilância do Fisco nas Minas Gerais. Houve tempo em que foi proibida a profissão de ourives de obras de ouro. Somente depois da chegada de D.João foi a profissão exercida às claras.

Quando da abertura da Av. Central (hoje Rio Branco), foi ela dividida em dois pedaços que ficaram bastante distanciados um do outro. Ao pedaço menor, entre a São José e a Sete de Setembro, foi dado o nome de Rodrigo Silva, permanecendo o trecho maior, entre a Rua do Ouvidor e o Largo de Santa Rita, com a designação de Rua dos Ourives até que, em 1936, teve seu nome alterado para Miguel Couto por nela ter tido consultório o conceituado médico.

A foto mostra a Av. Rio Branco em 1920; à esquerda, vê-se a então ainda Rua dos Ourives na esquina de Ouvidor, note-se a Igreja de Nª.Sª. da Boa Morte, na Rua do Rosário. Á direita, não muito distante, a cúpula da Candelária. O mapa mostra, marcada em carmim, o traçado da rua dos Ourives antes da abertura da Av. Central.



quarta-feira, abril 09, 2008

Rua da Alfândega

Esta rua originou-se de um caminho que ia da orla marítima até a Lagoa da Sentinela (pela guarda atenta a ataques de índios) que existia nas proximidades de onde hoje é a Praça da República. Como outras ruas da cidade, teve diversos nomes ao longo do tempo, e nomes diferentes a cada trecho: Quitanda de Marisco e Mãe dos Homens; dos Ferradores, de Santa Efigênia, do Oratório da Pedra, de São Gonçalo Garcia.

Somente a partir de 1716 é que passou a ter o nome atual, devido à instalação, na praia e diante dela, da repartição da Alfândega.

Ali estabeleceram-se comerciantes ingleses chegados após a abertura dos portos, em 1808. Mais tarde, no trecho além da Rua da Vala (atual Uruguaiana), instalaram-se os sírios e libaneses. O povo os chamava de turcos (pois tanto a Síria quanto o Líbano estiveram sob o domínio turco desde 1568 até 1918). Essa área, conhecida como SAARA (sigla da Sociedade de Amigos das Adjacências da Rua da Alfândega) tradicionalmente ocupada pelos turcos, vem assistindo, nos últimos tempos, a uma crescente substituição por coreanos e chineses.

A foto de Malta mostra operários em trabalhos no calçamento na Rua da Alfândega, em 14-9-1928. Note-se, na esquina da Av. Passos, a Casa Turuna, ainda hoje em atividade no mesmo local.

OBS: Veja que à direita, na lista de links, há enlace para ÍNDICE (cronológico e alfabético).




quarta-feira, abril 02, 2008

Abastecimento de água

O problema do abastecimento de água no Rio de Janeiro vem do tempo em que os franceses ocupavam a ilha de Villegagnon e os portugueses ainda estavam junto ao Cara de Cão. Se não era a da chuva, tinha que ser obtida na foz do rio Carioca, desde que os Tamoios o permitissem.

Expulsos os franceses e transferida a cidade para o Morro do Castelo, o problema persistiu. O recolhimento da água das chuvas era o recurso utilizado. Ainda hoje existe, no Convento de Santo Antonio, uma cisterna construída no século XVII.

O Governador Rui Vaz Pinto (1617-1620) instituiu uma taxa sobre o vinho para recolher recursos a aplicar em obras de abastecimento de água. Em 1723, foi construído o Aqueduto da Carioca que trazia água do rio Carioca desde o alto de Sta. Teresa até um chafariz onde escravos a recolhiam em barris para levar à casa de seus senhores. A cidade crescia, principalmente após a chegada da família real em 1808. E o governo começou a tomar medidas quanto ao abastecimento de água.

Reservatórios foram construídos na Tijuca (1850); na Quinta da Boa Vista (1867); na Ladeira do Ascurra (1868); e nos morros do Inglês e do Pinto, (1874).

A distribuição era feita usando carroças, ou ainda em barris levados por escravos, quando, em 1876, o eng. Antonio Gabrielli começou a construção de uma rede de distribuição. O problema de medir a quantidade de água fornecida era atendido pela chamada pena d'água, orifício em um diafragma colocado no cano de entrada da água (recurso que limitava o fluxo, em função da pressão da água naquele ponto da rede). Em 1840, a água, antes gratuita, passou a ser cobrada à razão de 100 reis por pena.

Em novembro de 1882, um decreto veio regulamentar as dimensões do orifício, de forma a permitir o fornecimento de 1200 litros de água a cada 24 horas.

O contínuo crescimento da cidade e da população obrigaram o governo a ampliar a rede e procurar mais fontes de abastecimento. Aproveitaram-se as águas das serras de Nova Iguaçu e Duque de Caxias, com as captações de São Pedro (1877), Rio d'Ouro (1880), Tinguá (1893), Xerém (1907), Mantiqueira (1908).

Desde então inúmeras obras vem sendo feitas para garantir o fornecimento de água aos habitantes desta cidade.

Curioso encontrar, no final da Rua Sabóia Lima, nas orilhas do Parque Nacional da Tijuca, e às margens do rio Trapicheiros, as ruínas de uma instalação, mais que centenária, que exibe uma placa onde se lê:

Sendo Presidente da República o Sr. Dr. Francisco de Paula Rodrigues Alves e Ministro da Indústria, Viação e Obras Públicas o Sr. Dr. Lauro Müller, a Inspeção Geral das Obras Públicas assentou este contador Venturi, o primeiro deste gênero instalado para o serviço de abastecimento d'água à Capital Federal. 28- 2- 1904