quarta-feira, outubro 28, 2009

Praça Floriano - Monumento

O monumento, de características nítidamente positivistas, é um projeto de Eduardo Sá que homenageia o marechal Floriano Peixoto na praça que leva seu nome.
Floriano foi vice-presidente no govêrno provisório de Deodoro da Fonseca, substituindo-o quando Deodoro renunciou. Exerceu a presidencia por três anos, período em que enfrentou não só a Revolta da Armada (1893-1894) mas, também, a Revolta Federalista do Rio Grande do Sul (1893-1895) ocasião em que apoiou Júlio de Castilhos.
Em 1894, a capital do estado de Santa Catarina passou a chamar-se Florianópolis, nome imposto pelos seguidores do Marechal de Ferro. O culto à personalidade, no Brasil, parece ter iníciado com o florianismo seguido de outros «ismos» como o getulismo, o janismo, o brizolismo, o lulismo, consagrando a tradição na política brasileira de seguir homens em lugar de idéias.
O monumento, inaugurado em 21 de abril de 1910, reflete o espírito positivista marcante no início da República. Na base mostra quatro grupos escultórios constituidos de: - dois indígenas que representam os habitantes pré-descobrimento; - Anchieta, em sua ação de catequese; -Caramuru, figurando o colonizador português; - e um casal de negros simbolizando as etnias africanas. O monumento ainda faz referência a três datas: 1789, 1822 e 1889. Exibe, ainda três inscrições: «A Sã Política é Filha da Moral e da Razão», «O Amor por Princípio, a Ordem por Base e o Progresso por Fim», e «Libertas Quae Sera Tamen». No topo da coluna, a imagem de corpo inteiro do marechal, tendo como fundo a bandeira nacional de onde emergem os rostos de Tiradentes, José Bonifácio e Benjamin Constant.
Acima, uma foto do monumento em que Anchieta aparece claramente; abaixo, um retrato de Floriano Peixoto, o Marechal de Ferro.

quarta-feira, outubro 21, 2009

Theatro Municipal - Inauguração

Inaugurado em 14 de julho de 1909, veio, com esplendor, substituir o velho Theatro Lírico. O presidente Nilo Peçanha chegou exatamente às 21 horas. O Hino Nacional, tocado pela orquestra no “sulco wagneriano” (como o chama Luiz Edmundo), uma novidade para o Rio.

Terminado o Hino, surge no palco o poeta Olavo Bilac, orador oficial da cerimônia que, com voz sonora, envolve o público com um belo discurso a respeito da representação teatral desde Ésquilo e Eurípides.

A seguir, desenvolve-se o programa musical. Apenas obras de autores brasileiros são executadas. O próprio Francisco Braga rege a orquestra na execução de seu poema sinfônico Insônia. Segue-se o noturno da ópera Condor, de Carlos Gomes. Termina o espetáculo a peça Bonança, de Coelho Neto, especialmente escrita para a ocasião, interpretada pelos atores Lúcia Peres, Luiza de Oliveira, Antonio Ramos, João de Deus, e Nazareth.

Haviam sido distribuídos convites especiais. Todos compareceram em trajes de gala. As senhoras com saias de largas caudas, amplos decotes, cinturas de marimbondo _graças a espartilhos de barbatanas_ grandes capas de veludo, seda ou pele, enormes leques, penteados formando torres ornadas com plumas. Os cavalheiros, alguns em smoking, quase todos em casacas, com cartolas de Paris e brilhantes botinas.

A inauguração do teatro marca uma ocasião nova e fulgurante da vida da cidade, transformada pelo prefeito Pereira Passos de vila colonial em moderna e arejada metrópole.

A saída se fez com estardalhaço. Já havia na cidade certa quantidade de automóveis, o que não tirou o brilho das carruagens: cupês, landaus, berlindas, puxadas por belos cavalos. Não se deve esquecer dos bondes com os assentos forrados de linho branco, amarrado com cadarços _de onde surgiu o nome de “bonde de ceroulas’_ , a espera dos espectadores.

Inaugurou-se o Assírio, bar-restaurante elegantíssimo, com orquestra a embalar, não os frequentadores, mas dançarinas, em números de rara beleza. Entretanto, a frequencia elegante e o ambiente requintado não durou muito tempo. Segundo Luiz Edmundo: Invadiram-no, um belo dia, as filhas de Citera... As famílias, diante da ofensiva cupidínea e acintosa, evacuaram a zona. O teatro, porém, continuou sendo o que era.

quarta-feira, outubro 14, 2009

Carceler


Conta-nos Luiz Edmundo, em seu livro Recordações do Rio Antigo, que o italiano Luiz Bassini teria sido o introdutor do gelo e do sorvete no Rio de Janeiro. Bassini havia aberto o Café do Círculo do Comércio, na Rua Direita (atual Primeiro de Março) em sociedade com N. Denis e, em 1835, já estava envolvido na importação de gelo natural dos EUA.

O gelo vinha em lascas, nos porões dos navios, envolvidas em grossas camadas de serragem. Aqui, eram depositadas em covas abertas no chão, mantida a proteção com serragem. As perdas não eram grandes, apenas 30 a 40% no fim de três a quatro meses.

Outro italiano inaugurou o Hotel do Norte, na mesma Rua Direita, porém mais próximo à Igreja da Ordem 3ª do Carmo. A casa era modelar, para a época, e D.Pedro II, não raro, ia em companhia da Imperatriz, saborear um dos sorvetes da casa. O proprietário não demorou a exibir uma placa com os dizeres: Antonio Franzione, sorveteiro de S.S.M.M.I.I. O Hotel possuía um terraço que passou a ser freqüentado pela sociedade da época.

Os sorvetes eram de caju, carambola, manga, abacaxi, laranja, ou daquelas pitangas que existiam com fartura nas areias de Copacabana. Era feito por processo que consistia em bater uma calda dentro de um balde mergulhado em uma tina cheia de gelo e sal. Luiz Edmundo nos revela uma receita colhida no livro de José Bulhões, publicado em Lisboa no ano de 1788. O sorvete chama-se “papinha” e a receita intitula-se ”calda de papinha para gelar, em sorvete” que é assim detalhada:

“Esbrugue-se uma mão cheia de pevides de melão, outra de melancia, e com quatro, ou cinco amêndoas doces, se pisará tudo muito bem, depois de estar pisado, se lhe deita o açúcar, e passado por pano ralo se aumenta o que houver com água, até fazer três quartilhos, que se gelarão com mais brevidade que as outras caldas”. No linguajar do século XVIII, esbrugar significa descascar; pevides são sementes; pisar é moer no pilão; e o quartilho equivale a 500 ml.

Por volta de 1861, Franzione passou o estabelecimento à viúva Carceler. A partir de então, essa região da Rua Direita passou a ser conhecido como Carceler. E a Confeitaria e o Hotel do Norte destacaram-se como pontos elegantes do Rio de Janeiro dos meados do século XIX.

A foto, de Marc Ferrez, mostra a Rua Primeiro de Março onde se vê as igrejas do Carmo e o prédio do Carceler. Ao fundo, o Morro do Castelo.

quarta-feira, outubro 07, 2009

Academia Brasileira de Letras

Edifício da ABL na atualidade


Mapa da Exposição

O prédio da ABL, baseado no palácio Petit Trianon de Versailles, foi construído para ser o pavilhão da França na Exposição do Centenário da Independência, em 1922. Figura, no mapa, com o número 5.

A foto mostra o edifício na atualidade, e o mapa, a disposição dos pavilhões da Exposição. A área sofreu alterações, mas a Av. Pres. Wilson seguiu, basicamente, o traçado da, então, nomeada Av. das Nações.

A propósito, o terreno onde está, hoje, o Consulado dos EUA, foi ocupado pelo pavilhão norteamericano na Exposição. No mapa, leva o número 3.

Abaixo, pode-se ver o edifício em 1922, e o palácio que lhe serviu de modelo.


O prédio, em 1922


Le Petit Trianon - Versailles
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