quarta-feira, maio 27, 2009

Recolhimento do Parto

O Recolhimento funcionava em um edifício de três andares, na esquina das Ruas da Cadeia e dos Ourives (atuais Assembléia e Rodrigo Silva). Fora construído a partir de 1742 e inaugurado, em 1759, pelo Bispo D. Frei António do Desterro. Embora pertencente à Irmandade da Misericórdia, adquiriu o “sobrenome”, por ficar ao lado da Igreja de Na. Sa. do Parto.

Conta-nos Charles Dunlop que, a princípio, “destinava-se a albergar mulheres de vida desonesta que, arrependidas do pecado, procuravam na religião o caminho da regeneração”. Em pouco tempo, porém, transformou-se em local onde eram internadas filhas desobedientes (as que não queriam casar-se com o noivo escolhido pelo pai), e esposas recalcitrantes na desobediência aos maridos.

Na noite de 23 para 24 de agosto de 1789, irrompeu violento incêndio no prédio. Populares arrombaram as portas, retiraram as mulheres da prisão a que estavam recolhidas, e combateram o incêndio com baldes de água trazidos desde o chafariz da Carioca (naquele tempo ainda não havia Corpo de Bombeiros na cidade).

No dia seguinte ao incêndio, o vice-rei Luís de Vasconcelos e Souza incumbiu mestre Valentim a construir um novo prédio para o Recolhimento. O que, para infelicidade das mulheres, foi feito com toda a urgência: o novo prédio ficou pronto em dezembro do mesmo ano. É de observar que o Recolhimento funcionou neste novo prédio até 1812, quando foi levado para o Largo da Misericórdia, em prédio onde funcionaria, depois, a Escola de Medicina. O prédio junto à Igreja de N.S. do Parto foi demolido em 1906, quando das obras de alargamento da Rua da Assembléia.

As fotos reproduzem quadros de Leandro Joaquim, retratando o incêndio, e de João Francisco Muzzi que mostra Mestre Valentim apresentando ao vice-rei as plantas do novo edifício do Recolhimento.




quarta-feira, maio 20, 2009

Polícia Especial

Era uma tropa de elite da Polícia Civil, foi criada em 5 de agosto de 1932, no Distrito Federal, e extinta em 21 de abril de 1960, quando da transferência da Capital para Brasília, ocasião em que o antigo Distrito Federal passou a ser o Estado da Guanabara.

No início eram 150 (50 policiais militares e 100 atletas selecionados nos clubes cariocas); e teve seu efetivo ampliado, por meio de concursos públicos, para 500 homens. Vestiam um uniforme cáqui, e usavam um boné encarnado.

O quartel dessa tropa ficava no alto do Morro de Santo Antonio, como se pode ver na foto que mostra o Tabuleiro da Baiana em primeiro plano.

Eram empregados em ações anti-tumultos, em grupos de 25 homens que chegavam em um caminhão-choque, e desembarcavam, cassetete à mão, batendo firme na turma que teimava em não dispersar-se.

Participou ativamente da repressão tanto da Intentona Comunista de 1935, quanto do Movimento Integralista de 1937.

Com o fim da Ditadura de Vargas, passaram a guarnecer as radiopatrulhas, como mostrado na foto de 1948

Mário Vianna, que se popularizou como árbitro e, mais tarde, comentarista de futebol, foi, dentre outras profissões, componente dessa tropa.





quarta-feira, maio 13, 2009

Bairro do Méier



Augusto Duque Estrada Meyer, acompanhante de Pedro II, recebeu, do Imperador, em 1884, vasta extensão de terras, anteriormente pertencente aos jesuítas, e que se estendiam desde a Estrada Grande (atual Rua Dias da Cruz) até a Serra dos Pretos Forros (hoje, no final da Rua Camarista Meyer) em cujo sopé ficava a sede de sua Fazenda, a São Francisco.
Abriu várias ruas nessas terras, dando-lhes nomes de parentes _ Frederico, Joaquim, Carolina Meyer_ e estabelecendo um novo bairro chamado, desde o início, de Meyer. Em 1879, o bairro foi cortado pelos trilhos dos bondes puxados a burros da Companhia Ferro-Carril e, em 1907, pelos de tração elétrica da linha que unia o Engenho de Dentro ao Largo de São Francisco. Com o tempo o nome de origem alemã foi aportuguesado para Méier.
Na dia 13 de maio de 1889 foi inaugurada a estação de trem da então Estrada de Ferrro D. Pedro II (hoje, EFCB). Tal importância teve a chegada do trem para o desenvolvimento da região, que a data é comemorada como a de fundação do bairro. A partir da década de 1950, houve uma verdadeira explosão demográfica e comercial. É de se notar que o primeiro shopping do país foi inaugurado, em 1963, no Méier. O bairro possuiu também o maior cinema da América do Sul, com capacidade para 2.400 lugares, que funcionou de 1954 a 1986.
Na primeira foto vê-se a Igreja do Sagrado Coração de Maria, projeto de Morales de Los Rios. A vista aérea mostra a linha férrea que divide o bairro, e o Jardim do Méier.

quarta-feira, maio 06, 2009

Sorvete do Morais

Em 1936 surgiu, na Rua Visc. Pirajá, quase esquina da Garcia d’Ávila, uma mercearia que, a princípio, mantinha em suas prateleiras os artigos usuais a um armazém: azeites, vinagres, batatas, arroz, fubá, vinhos, doces em calda... Consta que D. Maria, a esposa do proprietário, ao ver a quantidade de crianças que circulavam pelo local, resolveu fabricar sorvetes de frutas.

O sucesso foi tão grande que a mercearia cedeu lugar a uma sorveteria. Seus produtos eram deliciosos. Consta que Juscelino Kubitschek adquiria, regularmente, sorvete de jabuticaba. Famosos também eram os de tangerina, cajá-manga e fruta-do-conde. Embora o nome tivesse sido alterado para Sorveteria das Crianças, era mais conhecida como ‘o Morais’, e quase sempre tinha fila à porta. O sorvete era servido em casquinhas feitas de aipim e degustados com o auxílio de pazinhas de madeira.

Os tempos passaram, e a sorveteria, premida pelo chamado “progresso”, se foi. Hoje, no local, está um prédio da Amsterdam Sauer. O Prefeito César Maia havia mandado colocar, na calçada, uma placa indicando o local onde funcionara a Sorveteria das Crianças. A placa já foi roubada...

Hoje, as receitas de D. Maria resistem pelas mãos de seu filho Adriano que, em uma carrocinha que manobra no final do Leblon, ainda vende picolés feitos com polpas de frutas, goiaba, maracujá, abacaxi, tangerina, jaca, inclusive um feito de banana frita com canela. As receitas ainda são as de D. Maria, mas consta que a canela, no sorvete de banana frita, é um ‘toque’ de Adriano

As fotos mostram uma conhecida foto da sorveteria quando na Visc. de Pirajá, e o Sr. Adriano Morais com sua carrocinha no Leblon.