quarta-feira, agosto 29, 2007

Vila Isabel

João Batista Viana Drumond (1825-1897), o abolicionista Barão de Drumond, resolveu levantar, em 1872, um bairro nas terras da Fazenda dos Macacos que havia recém-adquirido. Encantado com Paris, o barão entregou o traçado do bairro ao arquiteto e engenheiro Francisco Bitencourt da Silva (fundador do Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro). O bairro foi projetado com toques franceses, e batizado de Vila Isabel, em homenagem à filha de D.Pedro II, tendo ruas com nomes de abolicionistas.

A principal avenida recebeu o nome de Boulevard 28 de Setembro, em comemoração à data da assinatura da Lei do Ventre Livre. A praça do bairro foi nomeada Sete de Março, em homenagem ao dia da constituição do Gabinete do Primeiro Ministro Visconde de Rio Branco, que promoveu a famosa Lei de 1871, que determinava a libertação dos nascidos de mães escravas. A segunda rua em importância recebeu o nome de Teodoro da Silva, que havia assinado a Lei com a Princesa. Após a morte de Drumond, a praça passou a chamar-se Barão de Drumond.

Em 1873, o Barão havia criado a Companhia Ferro Carril de Vila Isabel, para a ligação do centro da cidade com o bairro.

Além de ter sido o primeiro bairro planejado da cidade, Vila Isabel abrigou o primeiro jardim zoológico do Rio de Janeiro. Como pretexto para incentivar a visita, o ingresso possuia um número representando um animal; no final do dia era efetuado um sorteio com prêmios em dinheiro. Esta a origem do jogo do bicho.

A foto é um cartão postal que mostra o boulevard. O canteiro central fora construído para facilitar o acesso do público ao bonde.

quarta-feira, agosto 22, 2007

Pequeno Jornaleiro

Obra do caricaturista Fritz, pseudônimo de Anísio Oscar Mota (1895-1969), homenageando os garotos que vendiam jornais pelas ruas do Rio. Iniciativa do vespertino A Noite, foi inaugurada em 1º de junho de 1933, num pequeno largo existente na confluência das ruas Ouvidor e Miguel Couto junto à Av.Rio Branco.

Consta que a estátua representa o menino José Bento de Carvalho, que aos dez anos, percorria as ruas vendendo jornais. Cantava o dia inteiro, e era famoso pela celeridade com que subia nos bondes e atravessava as ruas da cidade, a apregoar, aos gritos, as manchetes do dia.

Hoje, o monumento está na Rua Sete de Setembro, entre a Av. Rio Branco e a Rua Gonçalves Dias.

quarta-feira, agosto 15, 2007

Bairro da Urca















O morro da Urca mergulhava diretamente no mar até que, por ideia do engenheiro português Oscar d'Almeida Gama, foi feito um aterro, na década de 1920, utilizando parte do material retirado do Morro do Castelo.

O bairro teria o nome de Lavolina, o mesmo da fábrica de xampú de Oscar Gama; mas esse nome não pegou, prevalescendo o de Urca, o nome do rochedo, assim denominado, desde os tempos da fundação da cidade, pela semelhança com o casco de uma embarcação holandesa comum à epoca.

Constava do contrato com a Sociedade Anônima Empresa da Urca, empresa constituída para a execução da obra, a construção de um hotel balneário em frente à praia. Em 1933, o hotel foi transformado no Cassino da Urca que ficou famoso pela apresentação de artistas de fama internacional. Com a proibição do jogo, em 1946, o cassino foi fechado. No período compreendido entre 1950 e 1980 serviu como sede dos estúdios da TV Tupy, que tinha suas antenas no alto do Pão de Açucar.

A ponte que liga o bairro à Av. Pasteur havia sido construída, em 1908, para a atracação das barcas da Cantareira que traziam visitantes para a exposição internacional que ocorreu na Praia Vermelha, em comemoração do centenário da abertura dos portos.

Vemos nas fotos: a Enseada de Botafogo em 1893, foto de Gutierrez; a ponte, com uma barca atracada, em 1908; o andamento das obras, em 1927; e a praia com o cassino, em 1935.



quarta-feira, agosto 08, 2007

Igreja da Lapa


Em 1751, na região hoje conhecida como Lapa, foi iniciada a construção de uma igreja e seminário dedicados à Nª Sª do Carmo da Lapa do Desterro. A região vinha sendo valorizada desde a construção (1712-1726) e ampliação (1738-1744) do aqueduto.

A igreja, com projeto atribuído ao Brigadeiro Alpoim, tem uma nave única, simples, com a sacristia atrás do altar-mor. A fachada apresenta um frontão reto, clássico, onde foi acrescentado um relevo com o símbolo da Ordem do Carmo. Apenas uma torre foi construída. Os frades desalojados de seu convento no Largo do Paço em 1808, converteram, dois anos depois, a igreja em capela conventual, reformando-a internamente. No altar-mor, esculpido por Mestre Valentim, está a padroeira NªSª do Carmo, e, em quatro altares colaterais, NªSª das Dores, NªSª da Lapa, um dos Passos da Paixão, e a Sagrada Família. As pinturas de teto e a barra de azulejos foram executadas na segunda metáde do séc XIX.

Ao lado da igreja instalou-se, ainda no séc. XIX, a capela do Divino Espírito Santo que, desde o século anterior ficava em frente, no local hoje ocupado pela Sala Cecília Meirelles.

O antigo seminário da Lapa, transformado em convento carmelita, pegou fogo em 1959 quando preciosas obras em talha e pintura foram perdidas. No local, existe hoje um prédio, sem valor artístico, ocupado por empresas.

Na foto (P&B) de Marc Ferrez vê-se o edifício do Grande Hotel onde hoje funciona a Sala Cecília Meirelles.





quarta-feira, agosto 01, 2007

Rua Sete de Setembro


Surgiu do caminho aberto para a passagem de um cano de pedra que dava vasão às águas da Lagoa de Santo Antonio, um banhado que existia onde hoje é o Largo da Carioca. Ficou, por isso, sendo a Rua do Cano até 1856, quando foi nomeada Sete de Setembro.

A rua era limitada pelo muro de uma capela construída entre o Convento do Carmo e a Capela Imperial. Essa capela fora vendida, em 1635, pelos frades, a D. Maria Barreto, e posteriormente transferida à Irmandade do Senhor dos Passos. Apenas em 1857 foi a capela demolida para que a rua pudesse alcançar o Largo do Paço (hoje, Praça XV). Em seu lugar ficou uma passarela com janelas, por dentro da qual passava a familia real para ir à Capela, sem necessitar pisar o chão do Largo, livres do assédio do povo. É de se lembrar que já existia um passadiço do Palácio para o Convento, desde que este se tornara residência da Rainha D. Maria, a Louca.

O passadiço sobre a rua seria demolido no início da república, mas ela só seria alargada no início do século XX. E, em 1975, transformada, como algumas outras no centro da cidade, em via apenas para pedestres.

A foto, de Malta, mostra a passarela sobre a Sete de Setembro a que nos referimos.