D. Pedro, em seguida à Independência, ao saber que seria homenageado com uma estátua, agradeceu e até indicou o local: a Praça da Aclamação (hoje Tiradentes). Porém, o prestígio popular de D.Pedro foi decaindo, e a comissão nomeada acabou por desistir do projeto. Houve outras tentativas: em 1838, a do Marquês de Paranaguá, Francisco Vilela Barbosa; em 1852, a do Vereador Domingos de Azeredo Coutinho; em 1854, a do Deputado João Antonio de Miranda; também o Instituto Histórico, por proposta de Joaquim Norberto, trabalhou para a feitura da homenagem, e foi outro insucesso.
Então, o Secretário da Câmara Municipal, Roberto Jorge Haddock Lobo, tomou a si a tarefa: promoveu campanhas, propôs comissões, solicitou subscrições; não desistiu. Eusébio de Queirós presidiu o grupo que escolheu, dentre os mais de 28 concorrentes, os três envelopes dos merecedores dos prêmios de um conto de réis. O primeiro prêmio foi concedido ao professor de pintura brasileiro João Maximiano Mafra; o segundo, ao alemão L.J. Bapp; e o terceiro, ao francês Louis Rochet, a quem coube a execução do projeto.
Dentre as sugestões apresentadas pelo artista francês, a principal era a retirada do chapéu que estava na mão do Imperador, substituindo-o pelo Manifesto às Nações (que alguns querem ver como a primeira Constituição ou mesmo as cartas que recebeu às margens do Ipiranga).
Quando parecia que tudo estava pronto, marcou-se o dia 12 de outubro de 1859 para a inauguração. As obras na base do monumento atrasaram a prontificação, o que forçou a um adiamento para de 25 de março de 1862, em que se comemorava a outorga da Constituição. No dia, ocorreu uma destas chuvas que o Rio de Janeiro conhece; tudo inundado e o trânsito, paralisado. Resultado: transferiu-se, novamente, a data para o domingo 30 de março.
Finalmente, embora o vento rasgasse o manto de cetim verde e amarelo que cobria a estátua, as famílias segurassem as colchas que pendiam das janelas apinhadas, e o povo se comprimia na praça, a família Imperial aproximou-se, e D.Pedro adiantou-se para o local da solenidade, bradando: “Viva a Independência do Brasil!”, ao mesmo tempo em que o monumento era descerrado sob vivas, salvas de artilharia, músicos e coros entoando hinos religiosos.
A foto nos mostra a Praça no ano da inauguração: 1862.
Em seguida, após passar em revista a tropa formada para a cerimônia, dirigiu-se D. Pedro para o Teatro de São Pedro, onde se protegeu da chuvarada e dos raios.
Mas não cessaram aí os tormentos de tal monumento. Mais tarde, Humberto de Campos, com ironia, zombetearia:
Monumento infeliz, que nos deixa vassalo:
Brasileiros a pé, português a cavalo ! .
“E foi assim que nasceu, extraído a fórcipe das entranhas da indiferença coletiva e injuriado desde o dia em que veio à luz, o primeiro monumento público da cidade.” É como termina esta história contada por Roberto Macedo.
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